Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera?!
Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera?!
Aos poucos, a avó encarregou-se de decorar a casa ao estilo de um manicómio. Foi partindo, deitando fora, distribuindo pertences pelos vizinhos, rejeitando ser seu tudo o que tinha acumulado na vida.
A vida só é vida depois de se atribuírem significados às coisas.
Não sou grande cinéfilo. Dedico pouco tempo à sétima arte e tenho um fraquinho por filmes antigos, o que me torna um grande ignorante sobre a maioria das novas obras-primas que estreiam nos ecrãs. Mas gosto de ler críticas a filmes e, entre esses escritos de especialistas e as poucas fitas que me encorajo a ver, acho que consigo pintar um panorama de como vai o cinema na actualidade. E acho que não vai nada bem.
É quase como irem ao Alentejo, sem lá irem. Ou sentirem-no, sem o ser. As palavras, as canções, as melodias, as histórias têm o poder de fazer as pessoas sentir algo sem o serem.
Ser adulta é não estar no Alentejo. De repente os meus dias úteis, e muitos dos fins de semana, não são no Alentejo. De repente percebo que nem as férias letivas serão passadas no Alentejo. De repente percebo que sou adulta e ser adulta é não estar no Alentejo.
Todos nós já vivemos, pelo menos um dia que seja, a desejar que o sol se ponha e que nasça um novo, no entanto, é mais comum que se passe tempo a pensar no que já foi do que a imaginar o que ainda será.
Perguntei ao meu filho mais velho sobre o que deveria escrever esta semana. Ele não hesitou: “Sobre a Páscoa. E sobre Jesus, que não tem uma garrafa de vinho para beber com os amigos”.
No Verão passado, o secretário geral da CAP queixou-se do que nos doía a todos quando chamou a atenção para o abandono e para a inexistência de respostas do governo na ajuda perante as dificuldades sentidas no sector agrícola.
Talvez ele se tenha esquecido, mais uma vez, de a coser aos pés, mas a verdade é que por terras lusas não se tem visto nem a sombra do Peter Pan. E bem que precisávamos dele… Este país, que amo, tem-se tornado, aos poucos, na ilha do mais famoso livro de J. M. Barrie. Talvez se lembrem de ler o …