António Vitorino será o próximo diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações(OIM). Após um processo de propositura, longo e trabalhoso, em que é usual neste tipo deorganizações alguns candidatos vão ficando pelo caminho, acabou por vencer um ato eleitoralrenhido, a todos os títulos terminando com o aplauso e reconhecimento unânime do seu valore prestígio.A diplomacia portuguesa está mais uma vez de parabéns, pelo trabalho desenvolvido e pelaescolha certa de um candidato com o perfil adequado a um alto cargo internacional. Um cargoexigente nos tempos que correm, dados os desafios que se colocam a um mundo cada vezmais desigual, em que se cava o fosso entre os mais ricos e a pobreza extrema de grande parteda humanidade. Num mundo próximo, cada vez mais global, a migração das populaçõesacossadas pela guerra ou vivendo em condições sub-humanas torna-se mais numerosa, maisfrequente e mais intensa, colocando graves problemas aos países de acolhimento e a umagestão necessária desses fluxos migratórios à escala global, tantas vezes inesperados e poucoprevisíveis.António Vitorino, um dos políticos mais inteligentes e mais experientes da sua geração, tantasvezes desejado para retornar à vida política nacional, desafiado em inúmeras situações peloseu Partido Socialista, nunca cedeu a essa tentação para desagrado de muitos. Tem o méritode ter um currículo único, nele despontando ter sido um dos mais jovens membros de governo(Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, entre 1983-85), Ministro da Presidência eda Defesa em 1995/97, Comissário Europeu da Justiça e Assuntos Internos, entre 1999 e 2004,para além de ter sido de deputado no parlamento português e no Parlamento Europeu em1994/95 e Juiz do Tribunal Constitucional, de 1989 a 1994.Escrevo estas linhas com especial satisfação. Por um lado, como português, porque as achonecessárias e apropriadas a um momento em que precisamos de bons exemplos que nosgalvanizem como povo que merece o reconhecimento dos seus no panorama políticointernacional e os distingue pelo seu mérito e os escolhe para a liderança de organizaçõesimportantes à escala mundial. Por outro, porque sendo amigo de António Vitorino querorealçar o que vai para além das condições inerentes à sua competência, experiência econhecimento, distinguindo-se pelo seu humanismo, pela sua franqueza, simplicidade e,porque não (?) pela boa disposição que lhe é característica.Nos tempos idos de 1995, quando da campanha eleitoral para as legislativas que viriam a serganhas pelos socialistas, foi cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Setúbal, onde obteve omelhor resultado de sempre para o PS. Fiz parte dos elementos efetivos dessa lista e foi nessesmomentos que estabelecemos um conhecimento mais aproximado e começámos a construiruma amizade, fruto de alguns aspetos comuns nas nossas vidas. A partir daí nunca maisperdemos o contacto, sempre se mostrando atento e me ajudando, até mesmo num dosmomentos mais difíceis em que alguns duvidaram da minha inocência em processo macabroem que fui envolvido. Não há muito tempo jantámos, eu desfrutando da sua bonomia e ele,como que tendo um momento diferente na sua vida tão ocupada, deliciando-se com um bomrepasto e um tinto de eleição.É nestes momentos que devemos por de lado as nossas diferenças, a inveja miudinha quedizem ser nosso mal e devemos sentir-nos orgulhosos por sermos portugueses. Afinal é umdos nossos, o escolhido pela elite mundial para liderar os destinos de uma organização tãonecessária na sua ação nos tempos que correm.

Economista

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