O ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita foi hoje formalmente constituído arguido e interrogado como tal sobre o caso do atropelamento mortal, em 2021, de um trabalhador na A6, perto de Évora, informou o seu advogado.
Contactado pela agência Lusa, o advogado Manuel Magalhães e Silva limitou-se a confirmar que Eduardo Cabrita foi constituído e interrogado como arguido esta manhã nas instalações do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora.
Eduardo Cabrita é o terceiro arguido do processo e junta-se ao motorista da viatura oficial que atropelou o trabalhador e em que seguia o então governante, Marco Pontes, e ao chefe de segurança da comitiva, Nuno Dias.
O ex-governante, acompanhado pelo advogado Manuel Magalhães e Silva, chegou às instalações do DIAP de Évora perto das 10:00 para ser interrogado na qualidade de arguido pelo Ministério Público (MP).
À entrada, Eduardo Cabrita escusou-se a prestar declarações aos jornalistas, tendo sido, à saída, cerca de uma hora depois, igualmente parco em palavras: “O que tinha a dizer, disse-o no processo”, afirmou.
Magalhães e Silva limitou-se a adiantar que Eduardo Cabrita “confirmou as declarações que tinha prestado perante o Ministério Público e respondeu aos esclarecimentos que lhe foram pedidos”.
No inquérito do processo, segundo os autos consultados em dezembro pela Lusa, o antigo ministro disse que não deu “qualquer indicação quanto à velocidade a adotar” pela viatura, “nem de urgência em chegar ao destino”.
Quanto à agenda de trabalho, Eduardo Cabrita precisou então que “não tinha compromissos externos agendados, apenas reuniões internas” no Ministério da Administração Interna (MAI), na tarde desse dia.
Em 18 de junho de 2021, a viatura oficial em que seguia Eduardo Cabrita atropelou mortalmente Nuno Santos, trabalhador que fazia a manutenção da Autoestrada 6 (A6), ao quilómetro 77,600 da via, no sentido Estremoz-Évora.
Inicialmente, o MP só tinha deduzido acusação contra o motorista que conduzia a viatura oficial em que seguia o então governante, mas a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, que se constituiu assistente no processo, considerou após consultas dos autos que havia provas suficientes para responsabilizar o antigo ministro por um crime de homicídio por negligência.
Face à solicitação da associação, o Ministério Público decidiu reabrir o caso e ordenou à procuradora titular do inquérito que constituísse como arguidos Eduardo Cabrita e o respetivo chefe de segurança pessoal.
O chefe de segurança da comitiva do ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, Nuno Dias, foi constituído e interrogado como arguido, em fevereiro deste ano, nas instalações do DIAP de Évora.
Em 03 de dezembro de 2021, o MP acusou Marco Pontes, motorista de Eduardo Cabrita, de homicídio por negligência, tendo, nesse mesmo dia, o então ministro da Administração Interna apresentado a sua demissão do cargo.
Associação vê “com agrado” Cabrita arguido no processo do acidente mortal na A6
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) registou hoje “com agrado” que o ex-ministro Eduardo Cabrita tenha sido constituído arguido, no caso do atropelamento mortal na A6, esperando que seja “um passo” para a acusação.
“Registamos com agrado o facto de Eduardo Cabrita ter sido constituído arguido, porque entendíamos que, em face do que consta do processo, havia elementos suficientes para contra ele ser deduzida acusação”, afirmou o advogado da ACA-M, Paulo Graça.
Para o causídico da associação, a constituição do antigo governante como arguido “é, em princípio, um passo que poderá levar, depois, a que o Ministério Público (MP) venha a deduzir acusação”.
“Esperamos que assim seja”, vincou.
Paulo Graça falava à agência Lusa sobre a constituição e interrogatório como arguido do ex-ministro, esta manhã, nas instalações do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, no caso do acidente mortal na A6, perto de Évora.
Eduardo Cabrita é o terceiro arguido do processo e junta-se ao motorista da viatura oficial que atropelou o trabalhador e em que seguia o então governante, Marco Pontes, e ao chefe de segurança da comitiva, Nuno Dias.
Nas declarações à Lusa, o advogado da ACA-M sublinhou que a associação pretende “fazer julgar” Eduardo Cabrita, por considerar que o antigo ministro da Administração Interna é “o responsável primeiro” pelo acidente.
“Entendemos que ele é o responsável jurídico por esta situação, porque era o mais elevado superior hierárquico do motorista que conduzia o carro”, acrescentou.