O parlamento aprovou hoje, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pelo presidente da Assembleia da República pela morte de Rui Nabeiro, empresário de Campo Maior, no qual se destaca o seu humanismo e consciência social.
Rui Nabeiro faleceu no domingo, aos 91 anos, em Lisboa, e o seu funeral, na terça-feira, em Campo Maior, teve a presença dos titulares dos principais órgãos de soberania: Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, e primeiro-ministro, António Costa.
Com familiares de Rui Nabeiro nas galerias, ainda antes da votação o ex-secretário de Estado e deputado socialista Ricardo Pinheiro fez uma intervenção emocionada, que foi aplaudida de pé por todas as bancadas.
Ricardo Pinheiro caracterizou o empresário de Campo Maior como “um homem único”, com uma enorme capacidade de “inspirar pessoas”.
“Aconteceu assim comigo. Inspirou Portugal”, declarou, dizendo que Rui Nabeiro, socialista, apreciava sobretudo o entendimento interpartidário.
Também o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, elogiou a figura de Rui Nabeiro, considerando-o “uma grande exemplo para os jovens” e “enorme português”.
No voto, da autoria de Augusto Santos Silva, salienta-se que Rui Nabeiro foi um “extraordinário empresário, dotado de uma invulgar sensibilidade social, que granjeou o respeito e a admiração dos portugueses”.
“Com apenas o ensino primário concluído, Rui Nabeiro construiu um dos negócios mais bem-sucedidos em Portugal (a Delta Cafés), fortemente implantado na sua terra natal. Já isto seria suficiente motivo de reconhecimento público”, refere-se no texto.
Porém, de acordo com o presidente da Assembleia da República, “Rui Nabeiro era muito mais do que um tradicional homem de negócios”.
“Era alguém que tinha uma genuína consciência social e que entendia (e praticava) a atividade empresarial como um esforço pelo bem comum. Rui Nabeiro foi um grande empregador, amigo dos seus trabalhadores, autarca (foi presidente da Câmara Municipal de Campo Maior) e um cidadão exemplar. Uma figura cujo percurso de vida é, desde há muito, motivo de admiração, que a todos deve inspirar”, sustenta-se.
No voto realça-se ainda que Rui Nabeiro se assumia como “socialista, em grande parte por ter crescido numa região, o Alentejo da sua infância, onde, dizia: As pessoas sentiam que não existia futuro para os filhos”.
“Isto moldou o seu perfil humanista e solidário, a sua preocupação pelo próximo, em particular pelos filhos da sua terra, que serviu como empresário, autarca e cidadão. Como foi público e notório desde a notícia da sua morte, Rui Nabeiro deixa saudades junto de tantos os que tiveram o privilégio de o conhecer e de ser tocados pelo seu profissionalismo e generosidade”, observa-se ainda.
Neste texto, assinala-se que Rui Nabeiro teve “múltiplas distinções públicas, como na atribuição, em 1995, pelo Presidente da República Mário Soares, do grau de Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial – Classe Industrial, ou, em 2006, pelo Presidente Jorge Sampaio, do grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique”. “Também foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora, pela Universidade Lusófona e, mais recentemente, pela Universidade de Coimbra”, acrescenta-se.
 
PMF // SF

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