Os atrasos nos exames médicos provocados pela pandemia de covid-19 impediram o diagnóstico do cancro do fígado “em fase tratável” a alguns doentes, disse à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG).
Rui Tato Marinho explicou que os doentes que têm cirrose “têm um risco muito elevado de vir a ter cancro no fígado” e que, por isso, devem realizar uma ecografia “de seis em seis meses”, o que pode não ter sido conseguido nalguns casos devido à pandemia.
“Houve dificuldade em fazer os exames, portanto admitimos que para algumas pessoas se tenha perdido um bocado o tempo para fazer o diagnóstico do cancro do fígado ainda em fase tratável”, disse o presidente da SPG, que lançou a campanha “Cuide do seu fígado”, com o objetivo de “sensibilizar, informar e prevenir” a população sobre as doenças daquele órgão.
Trata-se, segundo o especialista, de “um dos piores” cancros que existe “em termos de morte”, mas que “já tem intervenção” e do qual “já se conseguem salvar algumas pessoas”, especialmente “se for apanhado cedo, muito pequenino”.
No entanto, a pandemia pode vir a causar ainda mais danos no futuro, devido ao aumento de duas das três principais causas de cancro do fígado, que são “o excesso de peso, o consumo excessivo de álcool e a hepatite C”.
“Tenho visto nos nossos doentes um aumento de peso [devido ao confinamento]. Houve pessoas que aumentaram sete ou oito quilos e isso vai aumentar a probabilidade de haver fígado gordo. Também houve aumento do consumo de álcool por algumas pessoas, não todas, mas diria que é expectável que nos próximos anos exista um aumento das doenças de fígado”, frisou Rui Tato Marinho.
Também por isso, a campanha “Cuide do seu fígado” pretende “sensibilizar a população sobre as funções do fígado”, explicou a SPG em comunicado, assim como para os hábitos a adotar “para um bom funcionamento” deste órgão essencial: “Alimentação saudável, prática de desporto e consultas regulares ao gastrenterologista”.
Tato Marinho acrescenta ainda a necessidade de “incluir também as análises do fígado como rotina”, tais como as da glicemia ou colesterol, além de fazer a análise da hepatite C “pelo menos uma vez na vida”.
“As doenças do fígado estão no ‘top 10’ da mortalidade. Andam à volta da sétima ou oitava posição em termos de causa de morte”, lembrou o presidente da SPG.
Além das principais causas referidas, Tato Marinho alertou ainda para uma outra que “está a subir”, que é o “fígado gordo”, que afeta as pessoas com “excesso de peso e que ficam com as análises de fígado alteradas”.
“Pode evoluir para cirrose, que é uma destruição do fígado, e inclusivamente para cancro do fígado. Cada vez temos mais pessoas [doentes] que o único fator de risco que têm em relação ao cancro do fígado é terem peso a mais. Portanto, isto é um alerta para a população tentar ter estilos de vida saudáveis”, advertiu.
Segundo a SPG, mais de 830 mil pessoas morreram de cancro do fígado no ano passado em todo o mundo e mais de 900 mil casos foram diagnosticados.
As doenças graves do fígado são “a sétima causa de morte na Europa” e em Portugal representam “a quinta causa de morte precoce”.
Todos os anos surgem no país entre 1.000 e 2.000 novos casos de cancro do fígado e são realizados cerca de 250 transplantes.
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