A Polícia de Segurança Públia acaba de divulgar o balanço intercalar da operação “A Solidariedade Não Tem Idade”.
Esta ação policial, que está no terreno desde dia 27 de Julho, termina a 27 de Setembro. É realizada anualmente desde 2012 em todo o território nacional e é levada a cabo, maioritariamente, por polícias afetos às Equipas de Proximidade e Apoio à Vítima (EPAV).
O principal objetivo deste trabalho é “intensificar o contacto direto e o diálogo com a população mais idosa (+65 anos), visando a deteção, tão precoce quanto possível, de casos de fragilidade social, vulnerabilidade física e/ou psíquica e suspeitas de crimes contra a integridade física, bem como a promoção do apoio imediato e necessário através de respostas concertadas com as entidades parceiras”.
Decorrida metade da operação, os agentes da PSP identificaram 279 idosos em situações de risco.
Entre os vários índices de risco previstos, 76 idosos foram sinalizados por falta de autonomia, 49 por apresentarem quadro clínico grave que exigia acompanhamento médico imediato, 48 por ausência de rede de contactos, 54 por suspeita de serem vítimas da prática reiterada de crimes, 26 por habitarem em condições de vida degradantes, 19 por exclusão social completa e 7 por insuficiência económico-financeira.
Por diversas condições de fragilidade os idosos são alvo fácil de abusos e negligência. Pelas suas limitações de locomoção e vulnerabilidades psíquicas, tornam-se vítimas preferenciais em relação a crimes contra o património (roubo, burla, extorsão), contra a liberdade pessoal (ameaça, coação, sequestro) e contra a integridade física (ofensa à integridade física, violência doméstica, maus-tratos). A estas vulnerabilidades somam-se, pontualmente, as de cariz económico, materializadas em frágeis condições de habitação, higiene, saúde pública, saúde individual (muitas vezes dependentes de medicação regular) e/ou alimentação. A sensação de abandono (solidão) e o flagelo social do isolamento, próprio das grandes urbes, associado à consciência que a pessoa idosa tem das suas vulnerabilidades e da incapacidade para as superar autonomamente, agravam o risco de (re)vitimização. E todas estas variáveis, sem um círculo familiar e/ou de vizinhança ativo e solidário, potenciam as situações de anonimato que inviabilizam eventuais intervenções de cariz assistencial, podendo mesmo, por vezes, culminar na morte do idoso.
Com as intervenções que realizam junto dos mais velhos, os Polícias das EPAV procuram recolher indícios que apontem para algum destes indicadores de risco, informação essa que posteriormente é partilhada com as entidades parceiras com capacidade de intervenção neste domínio, instituições locais de apoio/assistência social ou serviços médicos, salvaguardando as áreas de intervenção próprias de cada uma.
A par deste esforço de pesquisa, os polícias alocados a este serviço são, muitas vezes, a única companhia ou “cara amiga” que estes idosos têm, tornando-se nos seus confidentes, amigos e familiares. Esta proximidade que se cria entre Polícia e cidadão é a verdadeira essência do policiamento de proximidade e uma das principais missões da PSP.

