Nesta sequência que nós somos, estamos cada vez mais estranhos

A frase pode ser um chapelinho adaptado a várias cabeças, mas neste caso concreto, até é de língua que se trata. E das perversidades que fazemos com ela.

Passo a explicar:
Nós somos uma sequência, porque fazemos parte da dita “passagem” de que o povo fala quando alguém se fina. “Ai, não somos nada, só cá estamos de passagem”, diz o saber popular que só se lembra do esbanjamento de vida e de apego a conflitos e gasto de tempo, perante a morte. Epifania que basicamente dura até que o cadáver arrefeça, porque depois volta-se ao desperdício.

Então assim sendo, repito pela terceira vez, somos uma sequência porque sucedemos uns e antecedemos outros, num rolar de gerações, com os devidos progressos inerentes a isso. E há coisas boas (maravilhosas mesmo, que vão surgindo, em consequência dos desenvolvimentos). Veja-se o “Mac Donaldo” em Elvas, por exemplo. É bom! E é um progresso. Os que somos de Elvas escusamos de ir incendiar as papilas gustativas a Badajoz para comer um Big “Mac Donaldo”, encarecido pelo combustível gasto no trajeto, mesmo que se aproveite para deitar uns pingos de gasolina no depósito, porque em Espanha é mais barato. E já agora, encher a mala do carro com víveres e cremes do Mercadona (cada um alimenta o corpo com o que mais falta lhe faz e toda a sabe que nutrição sem cremes não é alimentação saudável). Feitas a contas, assim de rompante, o Big Mac Donaldo, com as suas respetivas 499 calorias, que em Elvas deve andar pelos sete euros, em Badajoz é coisa para nos custar cento e tal, e sem grande esforço.

Com isto tudo já me perdi… Ah, estava a falar de sequências, de progressos, de línguas, de esbanjamentos e de coisas estranhas.

Já não se aguenta os esfaquear da língua (entenda-se idioma) inerente à moda da linguagem neutra, nome dado à comunicação oral ou escrita que aplica um género neutro em vez do feminino ou masculino, em nome do bem estar de cada um e do que lhe apeteça ser. Esta pandemia da língua desvirtuada pelo insano, já alastrou a todos os quadrantes, e já chega aonde não era suposto.
Agora veio de lá a ministra da Juventude a defender que a DGS deva usar linguagem neutra para passar a dizer “pessoas que menstruam”.
A afirmação de Margarida Balseiro Lopes surgiu depois de deputados da direita, incluindo do PSD, terem questionado a utilização da expressão “pessoas que menstruam” numa campanha da DGS, apesar de esta ser norma entre entidades científicas e autoridades de saúde internacionais”.

Mas que importância é que isto tem? Serei ignorante, insensível ou estarei a perder a paciência? (Aponto mais para a terceira hipótese) Que conflitos de interesses gera e que mau estar psíquico ou anímico pode desencadear? É o nome que limita o que a pessoa é ou sente ser? E porque é que a minoria tem que se sobrepor à maioria, à tradição, ao costume, e à lógica? Não me parece muito democrático.


Está toda a gente tão preocupada em ser politicamente correto mas não vejo ninguém preocupado por eu já não saber em quem votar. É que isto já alastrou até onde não supunha e não está a ser nada bom para a sequência contemporânea. Nunca se sabe que ervas infestantes podemos estar a legar à geração seguinte.

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