Um projeto considerado pioneiro para uma observação “muito imersiva” da vida selvagem e que ambiciona ser “uma janela aberta” para a biodiversidade da região acaba de ser lançado pela Câmara de Mértola, no distrito de Beja.
Com recurso a câmaras de vídeo de alta definição (4K) em tempo real, o projeto “Mértola Bio Live Cam” vai permitir “observar o comportamento de espécies em ambiente selvagem, de uma forma simples, rápida, intuitiva e muito imersiva”, disse hoje à agência Lusa o presidente do município alentejano, Mário Tomé.
“Pretendemos que cada câmara que colocamos em ‘live streaming’ [transmissão em direto] se transforme numa verdadeira janela aberta para a biodiversidade do nosso concelho”, acrescentou.
De acordo com o autarca, “este projeto integra a estratégia municipal para o setor cinegético, com os objetivos de dinamizar a marca ‘Capital da Caça’, promover o turismo cinegético e de natureza, divulgando a fantástica biodiversidade do território”.
A iniciativa “nasceu da necessidade de criar uma ferramenta de monitorização permanente” de duas populações de coelho-bravo, no âmbito do Projeto de Recuperação da Lebre-ibérica e Coelho-bravo (PRLIC), em curso no concelho.
“Como os resultados dessa experiência foram extremamente satisfatórios, superando as nossas expectativas, surgiu a ideia de partilhar as nossas câmaras em direto publicamente”, criando “um projeto único, com outra dimensão, robustez e com objetivos mais abrangentes”, notou Mário Tomé.
Além de “proporcionar aos amantes da natureza uma experiência lúdica bastante interessante e imersiva”, o “Mértola Bio Live Cam” permite igualmente evidenciar “as consequências positivas que uma gestão cinegética bem estruturada pode trazer à biodiversidade”, continuou.
A promoção do território é outra das metas do projeto, através da divulgação da “extraordinária biodiversidade de Mértola e das suas riquezas naturais”, disse.
A iniciativa possibilitará ainda um registo das espécies não cinegéticas do concelho, “contribuindo para um banco de dados amplo e diversificado”, indicou o presidente do município.
Em simultâneo, o projeto “pode ser utilizado como uma ferramenta muito útil para biólogos, cientistas, ecologistas, gestores cinegéticos e muitos outros profissionais que pretendem recolher informações sobre os comportamentos de algumas espécies cinegéticas”.
“Outra das mais-valias é que vai permitir recolher inúmeras evidências do extraordinário trabalho, até agora invisível, que caçadores e gestores cinegéticos fazem em prol da biodiversidade”, reforçou Mário Tomé.
Para a concretização desta iniciativa, a autarquia instalou três câmaras de alta definição nos dois parques onde está a ser desenvolvido o PRLIC e também na zona de caça municipal.
As imagens da vida selvagem são transmitidas “24 horas por dia, 365 dias por ano”, na rede social YouTube e na página de Internet do projeto, em www.mertolabiolivecam.com.
De acordo com Mário Tomé, este projeto é “pioneiro e inovador” em Portugal e apenas existem iniciativas “com características semelhantes nos Estados Unidos, Namíbia e em Huesca (Espanha)”.
O autarca adiantou que, “a médio e longo prazo”, irão ser instaladas “muitas mais câmaras” em diferentes locais, desde zonas “com abundância de gamos e veados” a áreas com javalis, comedouros de pombos-torcazes, o parque de criação de lebre-ibérica ou uma barragem com patos selvagens e outras aves aquáticas.
“O objetivo deste projeto é ter quantidade suficiente de câmaras com possibilidade de captar imagens de 80% da fauna do nosso concelho”, concluiu.

CYMP // RRL

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