A direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel anunciou hoje que recusa demitir-se, na sequência das reivindicações feitas pela corporação que entregou, simbolicamente, os capacetes em protesto.
Num comunicado datado de segunda-feira, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel (AHBVS) considera “ilegítimo” e “ilegal” as reivindicações da corporação ao reclamar a demissão da direção.
Na sexta-feira, o comandante dos Bombeiros de Sousel, José Fernandes, disse à Lusa que o descontentamento da corporação com a direção da associação surgiu há “algum tempo”, mas foi agravado com o início de funções dos novos dirigentes, há cerca de dois meses.
“Os capacetes estão simbolicamente entregues, mas, a partir das 19:00 do dia 22 [hoje], serão definitivamente entregues e deixará de haver a parte do voluntariado”, afirmou na altura José Fernandes.
O principal visado das críticas dos bombeiros, adiantou José Fernandes, é o presidente da direção da associação humanitária, Mariano Velez Maluco, devido “ao desrespeito pelo corpo, à prepotência e por querer interferir sempre na parte operacional”.
“Isto tem vindo a agravar-se. Houve algumas decisões contra o pessoal e duas rescisões de contrato, em que grande parte do corpo não percebeu o porquê, [pois] havendo serviço, porque é que houve essas rescisões”, salientou.
No comunicado da AHBVS, com 15 pontos, além de se sublinhar que a direção tem “total legitimidade” para exercer funções, é referido que a direção “não tem interferido” no cumprimento das competências do comando.
A AHBVS recorda ainda que, “desde há algum tempo até à presente data”, é notória no seio do corpo operacional uma “manifesta falta de disciplina” gerada pela existência de um “descontentamento generalizado” com a pessoa do comandante e com a sua ação.
Também contactado na sexta-feira pela Lusa, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Portalegre, Marçal Lopes, considerou que a situação em Sousel é “fruto do subfinanciamento e do sufoco financeiro em que as associações humanitárias vivem”.
“As direções têm problemas de tesouraria e, para que as suas associações sobrevivam, têm de tomar medidas impopulares, como a não renovação de contratos ou a não retribuição de remuneração condigna com a função, e essas medidas criam descontentamento”, notou.
No comunicado, a direção da AHBVS refere que “não deve quaisquer remunerações” aos bombeiros permanentes e voluntários, pelos serviços prestados.
“A direção pauta e pautará a sua conduta sempre no interesse da AHBVS, visando igualmente e, em primeiro lugar, a sua sustentabilidade financeira. Por isso, a direção da AHBVS para além de não entrar em aventuras, não se lhe torna possível contratar pessoal para além do número de pessoas a que é possível pagar”, lê-se no documento.
Para a AHBVS, os “ultimatos” ou as “ameaças” à direção mostram desconhecimento dos estatutos e representam uma tentativa de “confundir o que não é confundível”.
Ainda na sexta-feira, José Fernandes frisou que, se a direção da associação não se demitir até às 19:00 de hoje, os bombeiros vão entregar, definitivamente, os capacetes e, a partir daí, deixam de fazer voluntariado na corporação.
“Ninguém vai fazer serviço de voluntário e mesmo os bombeiros permanentes”, ou seja, os assalariados, “fazem o seu horário de trabalho e assim que passam à parte de voluntário param”, sublinhou.
A corporação dos Bombeiros de Sousel é constituída por cerca de 50 bombeiros, dos quais 17 são do quadro.

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