O presidente da comissão de cogestão do Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), António Pita, apontou como uma “falha” na gestão daquele parque a falta de comunicação com as populações ao longo dos anos.

“Se fizéssemos neste momento um referendo à população do parque natural, eu temo que esse referendo não ia ao encontro daquilo que todos nós queremos, que é que toda a população se pudesse rever num parque natural sem qualquer tipo de contestação”, disse.

Para o também presidente da Câmara de Castelo de Vide, que falava no decorrer da apresentação do modelo de cogestão daquele parque natural, em Portalegre, na sexta-feira, dia 11, ao logo dos anos tem existido “contestação” pela forma como o PNSSM era gerido, com protestos oriundos de vários sectores.

“Infelizmente, contestação há muita, dos agricultores, dos caçadores, de todas aquelas pessoas que vivem do campo e que muitas vezes perceberam que não tinham com quem falar, quem pudesse representar o parque natural”, lamentou.

Na opinião de António Pita, ao fim de 33 anos da constituição do PNSSM há várias questões a colocar, nomeadamente se a população se sente “confortada” com o espaço onde desenvolve a sua vida.

“Nós temos 33 anos de um parque natural e a pergunta é a seguinte: será que a maioria das pessoas que vivem no parque natural se sentem confortadas com o parque natural. Esta é, de facto, a grande questão e achamos que falhámos muito, falhámos todos”, sublinhou.

“Falhámos porque nem sempre a comunicação foi uma comunicação feliz, situação que é aceite tanto pela parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) como das câmaras municipais, comunicamos mal com a população e a população nem sempre percebe qual é a vantagem de viver num parque natural”, acrescentou.

Para inverter esta situação, António Pita considera que nos próximos tempos “há muito trabalho pela frente”.

Presente também no encontro, a directora regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo, Olga Martins, reconheceu que a comunicação do ICNF nos últimos anos “não estava bem” e que “é preciso haver uma maior aproximação” às populações e uma “maior articulação” com quem vive no território.

“E é a partir daí que o modelo de cogestão surge”, acrescentou.

O modelo de cogestão do PNSSM teve início em 2020, sendo o mesmo gerido pelos municípios de Arronches, Castelo de Vide, Portalegre e Marvão, em conjunto com o ICNF.

A aposta na gestão de proximidade, passando os municípios a intervir na valorização territorial do PNSSM, é um dos objectivos que levaram à criação deste primeiro modelo no Alto Alentejo.

O município de Castelo de Vide preside nesta altura à comissão de cogestão, sendo substituído, em situações de impedimento ou ausência, pela autarquia de Portalegre.

HYT // MCL
Lusa

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