O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) apresentou ontem um manifesto exigindo o encerramento de centrais nucleares e contra a exploração de urânio, numa iniciativa na cidade espanhola de Cáceres (Espanha) que contou com a participação da associação ambientalista Quercus.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Quercus, que integra o MIA, resume o manifesto expondo as “grandes mentiras” que consideram que os grupos empresariais de energia apresentam, como, por exemplo, a energia nuclear “não emite CO2, apoia as energias renováveis, é segura e limpa”.
Os ambientalistas mostram-se ainda contra a abertura de uma mina de urânio em Salamanca (Espanha), a “cerca de 40 quilómetros da fronteira” portuguesa.
“Neste momento somos confrontados com a ameaça de abrir uma nova mina em Retortillo (Salamanca), a cerca de 40 quilómetros da fronteira e a menos de 50 quilómetros de Almeida, apesar da escassez de urânio, por uma empresa totalmente especulativa, a Berkeley Minera”, alertam.
O encerramento das centrais nucleares e em especial a de Almaraz (Espanha), situada a 100 quilómetros da fronteira, é outras das “bandeiras” defendidas pelos ambientalistas.
A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
“Em Portugal não estamos apenas preocupados com o que está mais próximo, como a central nuclear de Almaraz, a 100 quilómetros da fronteira e a poluição radioativa que provoca no Tejo, ou com a possível exploração de urânio em Retortilho, a 40 quilómetros do nosso país, ou com a ENUSA, fábrica de combustível a 50 quilómetros do Douro Internacional. Os ambientalistas portugueses estamos preocupados com o nuclear em toda a Península Ibérica e em todo o mundo”, alerta a Quercus.
José Janela, da Quercus e do MIA em Portugal, citado no comunicado, explica que manifestou em Espanha a “solidariedade” dos ambientalistas portugueses por um futuro “100% renovável”.
“Embora não existam centrais nucleares em Portugal, existem dezenas de antigas minas de urânio que ainda não foram reabilitadas e que continuam a poluir. Se houver um acidente nuclear nalguma central nuclear espanhola a poluição radioativa poderá facilmente chegar ao país. Por isso é uma luta que une os ambientalistas de um e do outro lado da fronteira”, disse.
No manifesto é também sublinhado que as centrais nucleares são “tão perigosas que requerem regulação e vigilância contínuas como nenhuma outra indústria”, sendo uma atividade “poluidora” pelas suas emissões e resíduos, cuja gestão “deve ser participada”, envolvendo os cidadãos para “priorizar” a vida e o bem-estar das pessoas e dos ecossistemas, tanto espanhóis como portugueses, “acima de outros interesses”.
“A energia nuclear é cara, não apoia as renováveis, portanto a transição energética é urgente e essa transição deve ser não nuclear”, acrescentam.

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