Foi na passada sexta-feira, dia 8, que imagens capturadas no Quénia mostraram ao mundo uma pantera negra em estado selvagem no continente Africano. O êxtase em torno desta fotografia é devido ao facto de o último registo fotográfico de tal animal datar de 1909. Mas vamos desmistificar um pouco. Afinal o que é uma pantera negra?
As panteras negras são leopardos que devido a uma mutação genética adquiriram a cor negra em toda a sua pelagem, ao contrário dos leopardos em que apenas apresentam cor negra nas tão icónicas manchas, de facto se observarmos com atenção as panteras é possível distinguirmos as manchas do resto da pelagem. A este fenómeno dá-se o nome de melanismo, uma vez que o resultado final é a acumulação de melanina no pelo.
Contudo a história não acaba aqui, os leopardos são o grande predador, a par do lobo, mais comuns em todo o mundo, existindo na África, Ásia e no leste da Europa. A existência de panteras negras, ou leopardos negros como preferir, é mais comum nas florestas tropicais do sudeste asiático. Ou seja apesar de os leopardos serem animais extremamente dispersos a presença de panteras negras é bem mais restrita. Tal curiosidade Natural poderá ser explicada pelo seguinte, as florestas tropicais são habitats muito escuros, muito diferentes das florestas cheias de luz dos filmes do Tarzan. A cor negra das panteras deverá funcionar melhor como camuflagem nas florestas escuras da Ásia do que nas savanas de África. Além disso poderá existir uma correlação entre estas mutações genéticas e um sistema imunitário (defesa do corpo) mais eficaz.
Mas o mistério não acaba aqui! Não só os leopardos sofrem de melanismo, também os jaguares (grandes felinos da América do Sul), os gatos domésticos, ratos, galinhas e insetos sofrem de mutações semelhantes no mesmo gene ou em genes de funções idênticas, dando também origem a indivíduos de cor negra.
Um fenómeno contrário acontece nos tigres. Os tão apreciados tigres-brancos são tigres de Bengala que apresentam também mutações genéticas que causam a perda da cor laranja no pelo, produzindo assim indivíduos de cor branca mas com as riscas pretas. Porém, contrariamente às panteras negras, os tigres brancos não são encontrados na Natureza, sendo que apenas existem em cativeiro. A razão para isto parece dever-se à facilidade com que deverão ser avistados nas selvas da Ásia e também aparentes defeitos genéticos associados às mutações na cor da pelagem.
A descoberta desta pantera negra pelo fotógrafo Britânico Will Burrard-Lucas, mostra-nos de que ainda existem muitos locais para explorar e a Natureza continuará a surpreendermos, mas mais do que isso, relembra-nos para questões muito interessantes como a consequência das mutações genéticas e o facto de o mesmo fenómeno ocorrer em espécies diferentes através de processos também eles diferentes.
Nota: A cor negra do ser humano não é um fenómeno de melanismo. Apesar de a nossa espécie apresentar o pigmento melanina as pessoas de cor negra não sofreram uma mutação genética como as panteras. O nosso caso é mais complexo e envolve outros processos e fenómenos, que ficam fora do objetivo deste artigo. Talvez para o próximo!
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Biólogo e mestrando em biologia evolutiva e do desenvolvimento na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
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