Em certa região do interior rural, e numa típica quinta portuguesa, vivia um casal de agricultores, Maria e Manuel. Todos os dias, o casal levantava-se cedo para realizar as suas lides diárias. Era necessário alimentar a criação, tratar da horta, remover ervas daninhas, recolher os ovos e claro alimentar os cães, fiéis companheiros de caça e de guarda.
Um dia, lá do fundo da capital, chegaram uma série de indivíduos dos direitos dos seres não-humanos para doutrinar os agricultores Maria e Manuel sobre a forma como deveriam tratar os seus animais. Em primeiro lugar foram-lhes retiradas as suas 7 galinhas, os 4 patos, os 2 perus, os 5 coelhos, as 2 cabritas, as 10 rolas e um burro chamado André. Isto porque o casaltratava estes seres sencientes (a palavra “animais” pode ofender) como meros recursos alimentares e de trabalho, o que obviamente não é moralmente correcto.
De seguida, foi dito ao casal que teria de ter uma alimentação vegetariana, uma vez que é imoral consumirem-se animais pela impossibilidade de o fazer sem lhes causar dor. Confrontados com esta nova realidade, o casal de agricultores olhou para a sua horta na esperança de produzir o necessário para se alimentar. Contudo, o casal usa adubo (daquele granulado azul) e aplica uma pequena dose de pesticida às hortaliças de vez em quando para evitar que os pulgões, os caracóis, as lesmas e os restantes invertebrados destruam o fruto de tanto trabalho, algo que é obviamente criminoso e um verdadeiro assassinato de seres não-humanos.
Como estamos numa quinta com animais, rações, palha e outros bens alimentares guardados de forma artesanal, o casal coloca em alguns pontos estratégicos veneno para roedores de forma a controlar a praga. Os eruditos defensores consideraram esta uma prática bárbara e selvagem e por isso proibiram-na. Como consequência, uma epidemia de pulgas atingiu os cães do casal, além disso, a agricultora Maria teve de ir ao hospital por ter ingerido juntamente com a comida, dejectos de roedor. O agricultor Manuel, sem muitos rendimentos, usou a sua parca reforma para comprar uma caixa de medicamentos e pagar a conta do hospital, deixando a compra do remédio das pulgas para o mês seguinte, o que levou à retirada imediata dos cães da quinta e à instauração de um processo crime por este manter os cães em condições desumanas e por danos psicológicos causados, uma vez que havia obrigado os mesmos a perseguir e profanar corpos sem vida de outros seres não-humanos (o casal chama-lhe “caça”).
Esta história que vos conto, caros leitores, é obviamente fruto da minha imaginação e demasiado tempo livre. Espero que achem uma verdadeira parvoíce este cenário ditatorial que aqui descrevi, se este for o caso vocês não concordam com o estilo de vida que o PAN quer implementar à força em Portugal. Um estilo de vida que coloca os animais a cima das pessoas, dando-lhes uma personalidade jurídica; pondo no mesmo patamar esclavagismo, racismo e pecuária; impondo uma dieta vegana a todas as pessoas. Este é um estilo de vida defendido por urbanóides que vivem desligados da realidade do quotidiano fora das grandes metrópoles, que se acham superiores aos bárbaros das províncias e que pensam poder escolher que factos científicos são e não são reais. E se por momentos acham que estou a exagerar e a “demonizar” o PAN convido-o, caro leitor, a ler a Declaração de Princípios, disponível no site do partido.

Biólogo e mestrando em biologia evolutiva e do desenvolvimento na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

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