Francisco Pinto Balsemão, fundador da SIC e do Expresso morreu nesta terça-feira, aos 88 anos. A notícia foi avançada oficialmente através de um comunicado da empresa de consultadoria do Grupo Impresa, representada por Daniel Vaz, a JLMA.
“Francisco José Pereira Pinto de Balsemão, fundador e presidente da IMPRESA, nasceu em Lisboa a 1 de setembro de 1937. Era casado com Mercedes Presas Balsemão, pai de cinco filhos – Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro –, avô de catorze netos e bisavô de um bisneto.
Estudou no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, e licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Cumpriu o serviço militar na Força Aérea Portuguesa, onde foi chefe de redação do meio de informação oficial da instituição, a revista “Mais Alto”, de 1961 a 1963.

Em simultâneo com a sua atividade de advogado, iniciou a sua carreira como jornalista no “Diário Popular”, detido maioritariamente pelo seu tio, Francisco Balsemão, tendo ocupado os cargos de secretário da direção, de 1963 a 1965, e administrador da empresa do jornal, de 1965 a 1971.
Em 1969, integrou a chamada “Ala Liberal”, como deputado independente na Assembleia da República, funções que ocupa até 1973. Nesse ano, lança o seu primeiro livro – “Mentalização para a Eficiência”, a que se segue “Informar ou Depender?”, em 1971.
A 6 de janeiro de 1973, aos 35 anos, lançou o semanário “Expresso”, do qual foi diretor até 1980 e de cuja empresa proprietária assume também, como acionista maioritário, a presidência do Conselho de Administração. De 1972 até 1979, foi o Presidente da Associação de Imprensa Não-Diária.
Com 36 anos, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota, a 6 de Maio de 1974, o Partido Popular Democrático (PPD), agora Partido Social Democrata, sendo o seu militante n.º 1. Foi deputado à Assembleia Constituinte em 1975 e seu Vice-Presidente, tendo sido membro da comissão que elaborou a Lei de Imprensa de 1975, a primeira após o 25 de abril de 1974. Em 1979 e em 1980, foi eleito Deputado à Assembleia da República, pelo círculo do Porto. Em 1980, foi nomeado Ministro de Estado Adjunto do primeiro-ministro no VI Governo Constitucional, de 1980.
Nesta altura, entrega a sua Carteira Profissional de Jornalista, que possuía desde 1963, com o n.º 18.
Na sequência da morte de Francisco Sá Carneiro, assume o cargo de Primeiro-Ministro de Portugal, nos VII e VIII Governos Constitucionais, de 9 de janeiro de 1981 a 9 de junho de 1983. Também em 1981, assume a presidência do Partido Social Democrata e as funções de Presidente da Comissão Política Nacional do PSD entre 1981 e 1983. Foi o fundador e presidente do Conselho de Administração do Instituto para o Progresso Social e Democracia, de 1983 e 1986, Presidente do seu Conselho Geral (1987 a 1989), sendo, desde 1998, Presidente do Conselho Geral do Instituto Sá Carneiro. Ocupou outros cargos no PSD, como Presidente do Congresso, em 1985 e 1986. Em 1985, lança o livro “Estabilizar a Política para Criar a Confiança”.
Em 1987, tornou-se professor associado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cargo que ocupa até 2002. Durante 15 anos, ajudou a formar centenas de jornalistas com a sua cadeira de “A Mutação dos Media nos países desenvolvidos e as suas consequências para Portugal”.
Também em 1987, lançou aquele que se tornou no mais importante galardão na área da cultura e da ciência do País, o Prémio Pessoa.
Na década de 1980, recebe um conjunto vasto de Ordens Honoríficas de países como Espanha, França, Itália, Bélgica, Hungria, Grécia ou Brasil.
Em 1990, foi eleito Presidente do Institute for Media com sede em Dusseldorf, Alemanha, funções que desempenhou até 1999.
A 6 de outubro de 1992, com 55 anos, lançou a SIC, o primeiro canal de televisão privado em Portugal. Nos anos seguintes, a SIC cria vários canais temáticos: SIC Notícias, SIC Radical, SIC Mulher, SIC Caras, SIC K e SIC Novelas, além da sua plataforma de streaming Opto.
Ocupou ainda um conjunto de cargos e funções nacionais e internacionais. Foi membro do Steering Comitttee dos Bilderberg Meeting de 1983 até 2015; vice-presidente da Fundação Journalistes en Europe de 1995 a 2003; presidente do Conselho Consultivo da Fundação Oriente de 1988 a 2000; membro do Conselho Geral da Fundação Mário Soares, desde 1991 até 2020; Presidente do European Publishers Council, de 1999 a 2004; Membro não-executivo do Conselho de Administração do Daily Mail, de 2002 a 2017; membro do Conselho Assessor Internacional do Banco Santander, de 2004 a 2014; membro não executivo do Conselho de Administração da Celbi (1980-2006); presidente não executivo da Allianz Portugal (1999-2007); presidente não executivo da NEC Portugal (1995-2010); membro da Comissão para a Revisão do Conceito Estratégico da Defesa Nacional (Junho 2012); membro do Conselho Geral da COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação (2003-2006); membro do Conselho Consultivo do ISEG – Instituto Superior de Engenharia e Gestão (2010-2014); membro do Júri do Prémio Príncipe/Princesa de Astúrias de Cooperação Internacional (1985-1986 e 1996-2015); Conselheiro Externo do presidente da 72ª Assembleia-Geral da ONU (2017- 2018); presidente da mesa da Assembleia Geral da COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação (2016-2018); membro do Comité de Direção do Foro Iberoamérica (2004 – 2022) e Copresidente (2018 – 2022); membro do “Consejo de Protectores” da “Fondación Carolina” (desde 2001); membro do Conselho de Curadores da Fundação Luso-Brasileira (desde 2004); presidente do Conselho Geral da AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado (desde 2014); presidente do Conselho Geral da PMP – Plataforma de Media Privados (desde 2014); presidente da Comissão Diretiva dos Encontros de Cascais (desde 2018); membro do Conselho Geral da APDSI – Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (desde 2019); Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Conselho Português do Movimento Europeu.
Em 2008, nas comemorações dos 35 anos do Expresso, é convidado para voltar a dirigir o jornal por uma semana no número de aniversário. Também nesse ano, por unanimidade, o Secretariado da Comissão da Carteira Profissional do Jornalista decidiu entregar a Francisco Pinto Balsemão a carteira profissional de jornalista, com o seu número original da década de 60, o nº18, por, entre outras razões, “ser público e notório que Francisco Pinto Balsemão sempre defendeu a liberdade de expressão do pensamento, o direito à informação e os valores éticos e deontológicos da profissão”.
Em 2010, recebe dois Doutoramentos Honoris Causa, pela Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade da Beira Interior, tendo recebido anos mais tarde também o Doutoramento Honoris Causa da Universidade Lusófona.
No dia 25 de abril de 2011, é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal.
Em 2021, lançou o seu livro “Memórias”, que chegou à quarta edição e se tornou num dos livros de biografias de autores portugueses mais vendidos de sempre no nosso País.
Em 2023, criou um dos primeiros podcasts do Expresso, “Deixar o Mundo Melhor”, por ocasião das comemorações dos 50 anos do jornal. Francisco Pinto Balsemão entrevistou 50 personalidades marcantes dos mais diversos setores da sociedade. Seguiu-se em 2024 o podcast “IA – A próxima vaga”, com uma série de debates sobre o impacto atual e futuro da Inteligência Artificial em diversas áreas da nossa vida em sociedade.
Em 2025, aos 87 anos, lançou o seu terceiro podcast, com a leitura do seu livro “Memórias”, com o auxílio de inteligência artificial. A 1 de setembro desse ano, no dia do seu 88.º aniversário, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Camões”.
