Faltam menos de 24 horas para Pedro Caldeira Fernandes mergulhar nas águas frias e movimentadas de Cascais. A prova de natação é o primeiro desafio de um dos triatlos mais fascinantes do Mundo. Começa às 8h30 deste sábado, 18 de Outubro, e o atleta elvense vai lá estar a oferecer o corpo ao esforço.

É ao nascer do sol que uma mancha impressionante de quase três mil atletas se forma à beira do oceano para iniciar o IRONMAN. No meio desta multidão, Pedro Caldeira Fernandes é o homem que sobressai. É ele que nos importa. Leva o nome de Elvas gravado nos músculos treinados até à exaustão e no equipamento com que se apresenta em prova.
Cascais é um lugar de boa memória para o atleta. Foi na belíssima cidade portuguesa que participou pela primeira vez no IRONMEN, em 2023, convencido de que estava bem preparado e que ia conseguir aguentar os extenuantes 226 quilómetros repartidos por 3,8 de natação, 180 de ciclismo e 42,20 de corrida.
Pedro pediu à cabeça e ao coração que formassem equipa, porque todos os comandos têm que estar alinhados. Efetivamente, são necessárias doses cavalares de ferro (IRON) do princípio ao fim, para entrar numa aventura destas. Desde o momento em que se toma a decisão de participar, até ao dia da competição é preciso reunir: persistência, disciplina, concentração, coragem, inteligência, uma estratégia de treino, um corpo bem nutrido, uma cabeça focada e uma harmonia orgânica no interior da caixa torácica onde bate o músculo que bombeia o corpo, mas que também simboliza a paixão pelo desporto de nível transcendente.
Em 2023 Pedro Caldeira Fernandes treinou, participou e não só concluiu a prova, como logrou conquistar a posição 617 no escalão masculinos 40-44 formado por 1 081 participantes, após cruzar a meta ao fim de 12:17:17 horas.
O excelente resultado abriu-lhe o apetite para a confirmação, que não tardaria em chegar. A 6 de Outubro de 2024 foi em Barcelona que Pedro Caldeira Fernandes saboreou o gosto da superação. Em Calella, no seu segundo IRONMEM, surpreendeu e surpreendeu-se com um espetacular resultado: prova terminada em 10:24:01 horas que lhe valeram : 79º lugar de 359 participantes no escalão M40-44; 491º lugar de 2 396 participantes por género e 528º lugar na geral da prova concluída por 2 782 atletas.

Para o terceiro IRONMAN a mesma expectativa da primeira competição
Nas vésperas de voltar a entrar em competição, a voz serena de Pedro Caldeira Fernandes acusa controlo das emoções e ao mesmo tempo a adrenalina de voltar a desafiar os limites.
O atleta tem tudo preparado. Com uma humildade ambiciosa, o que parece um contra senso, mas não é, explica que tem alguns objetivos delineados. “O primeiro é acabar a prova. É sempre uma meta difícil de atingir. Espero que o corpo não quebre, que os joelhos se aguentem na corrida, que não aconteça nenhum azar na bicicleta, uma queda. Na natação, que o mar não esteja muito violento, que não provoque muito desgaste. Ou seja, primeiro que tudo é querer acabar e acabar bem”. Depois, contando com “condições climatéricas favoráveis” pensa em “melhorar o desempenho”. Pedro Caldeira Fernandes refere-se a melhorar o tempo da primeira prova que realizou em Cascais “porque em Barcelona o clima foi mais facilitador, houve um grau de dificuldade na bicicleta menor, porque havia menos inclinação, e a corrida também era muito plana. A prova do IRONMAN de Cascais é mais dura. Por isso, bater o tempo do primeiro ano de Cascais seria bom”.
Atrás do que vai acontecer amanhã, está aquilo a que já se habituou e que não larga: “um treino persistente, com disciplina, e sem falhas”, realizado com o apoio inestimável da família e dos amigos, que vão estar amanhã a apoiá-lo, a gritar por ele, a torcer muito para que alcance o melhor resultado. Enquanto nada, pedala e corre em direção à meta, Pedro Caldeira Fernandes, vai estar concentrado a usar criteriosamente toda a energia e a seguir a estratégia que delineou para obter uma boa classificação. Depois, vai começar a direcionar o pensamento para outras ambições.

Organizar uma prova de triatlo na Barragem do Caia
Pedro Caldeira Fernandes tem uma paixão gigante pelo triatlo, e um sonho equiparado de o fazer germinar em Elvas. Também já não cala o desejo de organizar uma prova.
Indo por partes, explica que gostaria “de apostar na modalidade, aliciar atletas para a prática deste desporto”. Sem necessitar de se afastar muito para começar, tem ao alcance “uns seis a oito amigos que reúnem condições excelentes. Alguns acompanham-me nos treinos, e inclusive há um deles que já faz as três modalidades comigo. Já vai à barragem nadar comigo. De bicicleta sempre andou e também vai correr. Para já sou o único, e vou caminhando. Já vou para o terceiro IRIONMAN e tenho realizadas três provas de longa distância, que são duas em Setúbal e uma em Sines que fiz este ano, e correram muito bem. Pouco a pouco gostaria de dar início a uma modalidade que talvez daqui a dois ou três anos já tem sete ou oito atletas”. Quando isso se concretizar pensa “organizar a primeira prova de triatlo na Barragem do Caia. Tenho a certeza de que virão atletas de todos os lados e que isso vai trazer muito dinamismo a Elvas, Campo Maior e Arronches porque é uma modalidade que tem muita participação. A Barragem do Caia tem todas as condições para se realizar uma prova deste género e tenho a certeza que iria ser um grande sucesso. Vou preparar-me para, em conjunto com as coletividades e o município, tentar organizar”.
Pedro Caldeira Fernandes fala em “um ano e meio a dois anos” para concretizar a organização da prova.
De volta ao que falta muito pouco para acontecer, o desafio IRONMAN amanhã em Cascais, o atleta elvense destaca a importância de se apresentar nesta competição. “É um estímulo para me manter em boa firma física e mentalmente com energia para sentir que sou um IRONMAN. E com tanta onda positiva que se vai gerando à volta do evento, é importante sentir que a cidade e os amigos me apoiam. Isso também me motiva a continuar, é um aspeto a destacar, o estímulo das pessoas que se cruzam comigo nos treinos, que me acenam, apoiam”.

“É também muito importante demonstrar a mim e à minha família, aos meus filhos, que não há impossíveis. É inspirador para as nossas vidas, para nos ajudar nas dificuldades. Não há impossíveis e se trabalharmos e houver disciplina, os resultados aparecem. No desporto, na profissão, em tudo. Quero que os meus filhos percebam que as dificuldades são superáveis”.
Amanhã, ao final do dia, contamos voltar a falar de Pedro Caldeira Fernandes e do resultado que vai alcançar.

