O presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), Joaquim Diogo, manifestou-se hoje surpreendido e preocupado com o possível retrocesso no acesso à informação por a Vasp ponderar ajustamentos na distribuição de jornais diários no interior.
Em declarações à agência Lusa, Joaquim Diogo, que exerce também funções de presidente da Câmara do Crato, distrito de Portalegre, manifestou a disponibilidade da CIMAA para que se encontre uma solução para o problema junto da empresa.
“É algo que nos preocupa. Estaremos disponíveis, em conjunto com a tutela [Governo], em conjunto com a empresa, para poder encontrar soluções, para que este serviço se possa manter regular e as pessoas possam continuar a ter acesso aos jornais, às publicações. É algo que nos preocupa muito – o acesso à informação acima de tudo”, disse.
A administração da Vasp confirmou na quinta-feira que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais que poderão ter impacto, já a partir de janeiro, nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
“A restrição do acesso à informação – […] porque também as publicações, os jornais, são às vezes um complemento à notícia simples e podem, de alguma forma, acrescentar valor à interpretação das pessoas sobre determinadas matérias que são fundamentais – preocupa muito os autarcas do Alto Alentejo”, reiterou.


Joaquim Diogo deixou um apelo para decisões deste género não possam ser tomadas de forma “unilateral”, defendendo a existência de um “compromisso e obrigatoriedade” em relação a este tipo de serviços junto das populações.
   “E, no limite, até apelando eventualmente ao Governo para que possa ter uma redundância como tem em outros serviços, para garantir o serviço público, neste caso da informação às populações”, acrescentou.
Em comunicado, a Vasp referiu que “atravessa, neste momento, uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais, que colocam sob forte pressão a sustentabilidade da atual cobertura de distribuição de imprensa diária”.
Também na quinta-feira, o ministro da Presidência, Leitão Amaro, afirmou que qualquer solução pública que ajude a assegurar a distribuição de imprensa no território nacional implicará sempre “mecanismos concorrenciais” e não passar cheques a uma empresa em concreto.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas, “a medida anunciada, que entrará em vigor já no início de 2026, terá um impacto imediato no acesso à informação de várias regiões, especificamente no interior raiano”. A decisão, sublinhou, “não afeta apenas o acesso à informação por parte da população, mas também compromete gravemente a estabilidade e os direitos dos jornalistas que trabalham no setor”.
 
HYT (ALU) // ROC
Lusa

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