A 2ª edição da Feira ESPIGA decorreu entre 21 e 24 de novembro, na IFEBA, em Badajoz, reafirmando-se como um dos mais relevantes eventos de promoção agroalimentar da Extremadura. Vocacionada para valorizar os produtos endógenos da região e impulsionar novas oportunidades de negócio, a iniciativa voltou a reunir produtores, empresas, profissionais da gastronomia e especialistas do setor turístico, num ambiente marcado pela forte aposta na qualidade e na inovação.
Organizada por uma entidade privada, a Caixa Rural da Extremadura, a feira assumiu desde a primeira edição o compromisso de ser um espaço de geração de resultados imediatos. Através de visitas profissionais orientadas para a venda direta e para o estabelecimento de contactos comerciais de curto prazo, a ESPIGA procura dinamizar o tecido económico regional, apostando simultaneamente na conjugação entre tradição, tecnologia e elevados padrões de segurança alimentar.
A ambição de qualidade estende-se também ao painel de convidados, que, nesta edição, contou com nomes de referência da gastronomia ibérica, entre eles o chef português Henrique Sá Pessoa, distinguido com duas estrelas Michelin.
Maria Navarro, representante da Caixa Rural da Extremadura, mostrou-se satisfeita com o crescimento registado em 2024.
“Conseguimos superar as nossas expectativas. Veio imprensa nacional, representantes do setor gastronómico e da restauração de toda a Espanha. Isso mostra que o que estamos a fazer aqui é importante. Estou muito orgulhosa do trabalho que estamos a desenvolver pela Extremadura”, afirmou.
Segundo a responsável, o número de expositores aumentou 40% face ao ano anterior, e a afluência de público manteve-se constante, com uma média entre 2.000 e 3.000 visitantes diários.
“É para repetir, sem dúvida. Já temos data marcada para o próximo ano e já há quem queira participar”, revelou.
A presença portuguesa na feira destacou-se não só pela participação de chefs, mas também pela representação institucional. Lídia Monteiro, diretora do Turismo de Portugal, sublinhou a importância de eventos como a ESPIGA na dinamização dos territórios do interior.
“Há aqui um esforço muito relevante de promoção dos produtos da terra. É essencial que a iniciativa privada esteja envolvida neste tipo de projetos. Vejo aqui um dinamismo muito interessante de valorização dos produtos endógenos”, afirmou.
Questionada sobre uma eventual promoção conjunta entre Alentejo e Extremadura, Monteiro admitiu que o cenário é possível:
“Existe uma cooperação transfronteiriça cada vez mais forte. Os territórios têm muito em comum e é natural que surjam vontades de promover em conjunto os seus produtos e a sua oferta turística e gastronómica.”
Entre os nomes de destaque esteve o chef português Henrique Sá Pessoa, que valorizou a proximidade cultural e gastronómica entre os dois países.
“Sempre tive uma grande ligação a Espanha. Temos muito a aprender uns com os outros. A paixão pela gastronomia é algo que partilhamos no sul da Europa”, afirmou. Para o chef a Extremadura é um território de excelência em produtos como o presunto ibérico, azeite e pão.
Sá Pessoa elogiou ainda a capacidade espanhola de promover os seus produtos endógenos.
“Eles valorizam os seus produtos sem precisar da aprovação de ninguém. Em Portugal temos grande qualidade, mas falta, por vezes, investimento na promoção”, observou, antes de revelar que prepara a mudança do seu restaurante Alma, do Chiado para o Pátio Bagatella.
A chef pasteleira portuguesa Sofia Morais Pinto, que regressou recentemente de Barcelona para trabalhar em consultoria e formação, destacou o potencial da feira e a forma empenhada como os espanhóis promovem os seus produtos.
“É uma feira com muito potencial e com produtos incríveis. Os espanhóis são muito patriotas na forma como mostram aquilo que é seu, seja em eventos grandes ou pequenos. Em Portugal, às vezes, esperamos aprovação externa para nos valorizarmos”, afirmou.
Ignacio Gragera, alcaide de Badajoz, realçou o papel agregador da Feira ESPIGA, capaz de unir produtores, cozinheiros e profissionais do setor num mesmo espaço.
“Fomos capazes de gerar um ecossistema industrial agroalimentar com produtos dos melhores do mundo. É muito importante ter aqui também cozinheiros portugueses, que conhecem e utilizam estes produtos nos seus restaurantes”, afirmou, sublinhando a ambição de transformar a feira numa referência europeia.
Com crescimento no número de expositores, forte presença profissional, reforço das relações entre Extremadura e Portugal e uma evidente valorização dos produtos regionais.
A Feira ESPIGA confirma-se como uma plataforma estratégica para o setor agroalimentar ibérico. Apostando no orgulho local e na internacionalização, o evento promete, com uma programação mais ampliada e para todos os gostos, regressar no próximo ano com o compromisso renovado de mostrar ao mundo a excelência da Extremadura.
João Alves e Almeida com João Carriço




















