A China emitiu uma firme advertência ao Japão após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que afirmou no Parlamento que um eventual incidente em Taiwan poderia constituir uma “crise de sobrevivência” para o seu país, permitindo às Forças de Autodefesa exercer o direito de autodefesa coletiva. Esta é a primeira vez, em oito décadas após a Segunda Guerra Mundial, que um líder japonês sugere publicamente a possibilidade de intervenção militar na questão de Taiwan.
Na sequência destas declarações, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês convocou o embaixador japonês em Pequim, reiterando que qualquer tentativa de interferência na reunificação chinesa será alvo de uma resposta firme. Pequim instou ainda o Japão a refletir sobre o passado histórico, a corrigir de imediato as afirmações da primeira-ministra e a evitar seguir um caminho considerado “errado”, sob pena de assumir todas as consequências.
O episódio ganha particular relevância no ano em que se assinala o 80.º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da recuperação de Taiwan. Para as autoridades chinesas, as declarações de Sanae Takaichi suscitam dúvidas sobre o compromisso do atual Governo japonês com o desenvolvimento pacífico.
No próprio Japão, as afirmações da chefe de Governo motivaram críticas de várias figuras políticas, incluindo os ex-primeiros-ministros Yukio Hatoyama, Shigeru Ishiba e Yoshihiko Noda. Takaichi é amplamente reconhecida como representante da ala conservadora de direita, tendo, no passado, visitado o Santuário Yasukuni e adotado posições duras em matéria de segurança e de interpretação histórica. No seu primeiro discurso político, no final de outubro, anunciou ainda a antecipação para este ano do objetivo de elevar a despesa em defesa a 2% do PIB.

Pequim observa com preocupação a crescente influência de correntes conservadoras no Japão pós-guerra que defendem o reforço militar e a revisão das limitações impostas pela constituição pacifista. Declarações recentes de membros do Governo japonês sobre a eventual aquisição de submarinos nucleares reforçaram essa apreensão.
Para a China, a forma como o Japão trata as questões históricas e a situação no Estreito de Taiwan é determinante para o futuro das relações bilaterais. Pequim apela ao cumprimento rigoroso dos quatro documentos políticos que regulam as relações sino-japonesas e exige a retirada de declarações consideradas provocatórias. As autoridades chinesas concluem que qualquer ação imprudente por parte do Japão poderá ter consequências graves para o próprio país.
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