João Muacho está de regresso à vida política de Campo Maior, agora como candidato do “SIM – Somos Independentes – Movimento por Campo Maior” à Câmara Municipal nas eleições autárquicas de 12 de Outubro.

O antigo presidente do Município assumiu o desafio de liderar uma candidatura que o próprio apresenta como alternativa ao actual executivo, sustentada, segundo afirma, na proximidade à população e na experiência adquirida em funções autárquicas.

O candidato faz questão de sublinhar que a sua decisão de avançar não foi individual, mas sim o resultado de um movimento de vontades que se foi consolidando.

“Na verdade, foram as motivações e as pessoas de Campo Maior que, de certa forma, nos incentivavam a podermo-nos candidatar às eleições autárquicas de 2025. Eu, o Alexandre Florentino e a Vanda Alegria vínhamos falando há um tempo a esta parte, e com mais incidência nos últimos meses, no final de 2024 e início de 2025, e acabámos por abraçar este desafio, porque tanto a uns como a outros nos iam motivando para avançar com uma candidatura à Câmara Municipal de Campo Maior e a todos os órgãos. E nós decidimos, e bem, avançar. Ouvimos os campomaiorenses e tomámos essa decisão, que penso que é uma decisão que revela coragem e que, ao fim e ao cabo, o SIM pode ser um ponto de viragem em Campo Maior”, refere.

De acordo com João Muacho, a insatisfação da população foi determinante para este regresso. “Alguns campomaiorenses iam-nos transmitindo algum descontentamento, nomeadamente em várias áreas. O abandono a que está votado o Centro Histórico, a limpeza urbana em todo o concelho, que peca por escassa, a rede viária degradada, o despesismo de alguns eventos que se vão realizando em Campo Maior sem qualquer tipo de retorno e o turismo, que gostávamos que tivesse uma incidência diferente em Campo Maior e que fosse muito mais aproveitado. Também dizer que quem nos visita acaba por não ficar em Campo Maior, não só a pernoitar, mas também a comer, o que é uma lacuna que Campo Maior devia ultrapassar”, explica.

Uma visão de longo prazo

Sobre as prioridades que assume na candidatura, João Muacho deixa claro que pensa numa estratégia de médio e longo prazo.

“Nós temos um projecto que está preparado como se fosse uma sequência de um trabalho a realizar nos próximos quatro anos e, quem sabe, em mais quatro anos, ou seja, nós não estamos com um projecto para quatro anos, mas gostávamos que ele se pudesse prolongar por muitos mais anos”, diz.

O plano começa pela organização da Câmara Municipal e pela recuperação e dinamização do Centro Histórico.

“Primeiro do que tudo, pretendemos organizar a Câmara Municipal de Campo Maior, limpar todo o espaço do concelho, que, como eu já referi, peca pela questão da limpeza, nomeadamente no Centro Histórico. Depois, recuperar o Centro Histórico, criar novas dinâmicas, levar as pessoas até o Centro Histórico, fomentar a chegada de novas famílias e de campomaiorenses nessa zona tão nobre de Campo Maior. Achamos que, após este trabalho realizado, vamos desenvolver um projecto turístico também muito atraente e que possa, de certa forma, sensibilizar não só quem nos visita, mas também aqueles que estão em Campo Maior”, acrescenta.

A nível da segurança, o candidato considera que a proximidade da vila com a fronteira exige uma atenção redobrada. Lembra que existe o Conselho Municipal de Segurança, mas entende que o órgão devia ter uma intervenção mais “assertiva”.

“Nós, no Município de Campo Maior, temos o Conselho Municipal de Segurança, que funciona, mas que devia funcionar de uma forma mais assertiva, tomando decisões que tendessem a resolver os problemas que vão acontecendo ao nível do concelho, nomeadamente nas escolas. A própria escola também tem o Conselho Geral Escolar, onde um conjunto de pessoas ligadas à escola e também à sociedade civil e ao Município devem tomar decisões no sentido de ultrapassar os problemas que se vão deparando em Campo Maior”, vinca.

João Muacho lembra ainda que, “em devido tempo”, foram “criadas comissões de acompanhamento” para monitorizar “uma comunidade”, tendo havido “um certo abandono nos últimos quatro anos destas comissões”. “Isto também resultou nalguma situação menos boa e menos clara para Campo Maior e também naquilo que, muitas vezes, foram as agressões no seio escolar”, lamenta.

Educação: Competências e desafios

Na área da educação, e instado a comentar a recente transferência de competências para as autarquias, o candidato defende que a medida só faz sentido se acompanhada de meios financeiros adequados.

“Quando há delegação de competências acaba por haver uma proximidade em relação àquilo que é o trabalho no terreno e, na verdade, o Município é uma entidade que está muito próxima de todos os campomaiorenses. No entanto, aquilo que nos parece é que a delegação de competências, quer seja na educação, na saúde ou em qualquer outra área, deve também vir acompanhada do competente pacote financeiro, porque não chega só passar as competências para o Município e não salvaguardar aquilo que vai ser o futuro, quer em termos dos profissionais que estão nas escolas, neste caso, mas também de toda a comunidade escolar”, frisa.

João Muacho aponta como “caso de sucesso” o Centro Escolar Comendador Rui Nabeiro, que “foi construído pela Autarquia e, de certa forma, é gerido pelo Agrupamento de Escolas”, mas a mesma ideia já não tem em relação ao Centro de Inteligência Competitiva (CIC), que foi instalado na antiga Escola Primária da Cooperativa.

“Foi um investimento de um milhão de euros, que teve início em finais de 2019. O concurso realizou-se em 2020. Está terminado há dois anos e o Município de Campo Maior inaugurou-o há cerca de um mês e meio, sendo que, no dia da inauguração, também o fechou. Fechou-o porque há aqui a contingência de que possa ter que ser devolvido à União Europeia um financiamento de 850 mil euros de um equipamento que deveria estar a funcionar e não está”, revela.

“O CIC acaba por ter, em equipamento de software e hardware, um investimento em torno dos 400 mil euros. Agora imagine-se o que é haver um investimento de 400 mil euros em hardware e software que, nos últimos dois anos, praticamente tem estado parado e não tem sido utilizado. Sabemos que as garantias certamente vão caducar, os equipamentos informáticos, todos os dias, vão evoluindo e o que ontem era topo de gama, amanhã possivelmente já não é”, acrescenta.

Apesar desta crítica, o candidato deixa uma sugestão para aproveitamento do CIC: “Seria possível que muitos alunos de Campo Maior com capacidades, quer seja na área de informática, quer seja numa outra área, pudessem estar naquele espaço, pudessem usá-lo para criar projectos para Campo Maior e projectos, quem sabe, para a região e para o País”.

Habitação e revitalização do Centro Histórico

A reabilitação do Centro Histórico é outra bandeira do SIM. João Muacho lembra que em 2021 ficou aprovada a Estratégia Local de Habitação, mas lamenta que não tenha sido devidamente aproveitada.

“Essa Estratégia Local de Habitação permitia a recuperação de muitos imóveis que eram propriedade do Município de Campo Maior e, felizmente, essa Estratégia estava aprovada em meados de 2021”, recorda, não entendendo porque é que “só agora é que começaram a aparecer alguns concursos para a recuperação de casas ao abrigo desta Estratégia Local de Habitação com financiamento PRR, quando podiam muito bem ter sido iniciados estes investimentos em 2022/2023”.

Para o candidato, se isso tivesse acontecido, “hoje haveria, certamente, muitas mais fracções e casas disponíveis para que muitos campomaiorenses com necessidade pudessem habitar nelas”.

João Muacho estranha também que, “neste momento, tenham sido colocadas a concurso, se assim se pode chamar, cinco ou seis fracções de habitações que estavam praticamente concluídas há um ano ou dois”.

Outro desejo do candidato é devolver vida ao Centro Histórico da vila, através da atracção de pessoas e negócios.

“Nós também queremos levar até ao Centro Histórico mais comércio, mais empresas, pequenas empresas que possam utilizar espaços que, neste momento, estão devolutos”, precisa.

Turismo: Potencial para aproveitar

João Muacho não tem dúvidas que Campo Maior tem um enorme potencial turístico, mas entende que esse património não tem sido devidamente aproveitado.

“Campo Maior tem uma oferta turística muito vasta, tem um conjunto de infraestruturas que, nos últimos anos, estão disponíveis para poderem ser visitadas, mas, no entanto, parece-nos que temos oferta, mas não está a ser devidamente rentabilizada. Terá que haver aqui uma posição diferente no que diz respeito aos responsáveis por parte da Câmara Municipal”, afirma.

O candidato dá mesmo o exemplo da “aldeia histórica de Ouguela”, onde a Casa do Governador, que foi alvo de intervenção “há cerca de dez anos”, continua “fechada”.

“Tem uma cisterna, que é um espaço muito bonito, uma raridade no País, e que nunca acabou por ser explorada. Ou seja, nada tem sido feito para se reconhecer aquele espaço e poder ser visitado. Até o próprio património de Campo Maior, estou a falar, por exemplo, da Casa das Flores e do Centro Interpretativo da Fortificação Abaluartada, uma que, de certa forma, passa a imagem daquilo que são as Festas do Povo e outro também a história militar da fortificação de Campo Maior, não têm sido devidamente aproveitados para trazer mais pessoas”, constata.

SIM defende Festas do Povo em 2026

Sobre as Festas do Povo, entretanto anunciadas para o próximo ano, João Muacho começa por referir que “o SIM, nos finais de Julho deste ano, lançou uma publicação nas redes sociais onde dizia ‘sim’ às Festas do Povo”.

Nessa altura, “houve muitos campomaiorenses que se reviram e se reconheceram neste desafio, mas também houve outros que acabaram por lançar alguma crítica, dizendo que não seria possível realizar festas já em 2026”.

Durante a Feira de Santa Maria de Agosto, depois de o Grupo dos Amigos das Festas do Povo de Campo Maior ter promovido um “encontro” de onde “resultou praticamente a certeza de que há festas em 2026, aqueles que em determinado momento foram críticos” do SIM “acabaram também por se associar àquilo que vão ser as Festas do Povo em 2026”.

Para João Muacho, “uma coisa é certa”: “Se nós ganharmos as eleições, o que esperamos que vai realmente acontecer, nós vamos estar ao lado dos campomaiorenses para realizar as Festas do Povo em 2026”.

O candidato recorda mesmo que, quando era presidente da Câmara, chegou a anunciar o regresso do evento em 2020, travado pela pandemia de Covid-19. Por outro lado, critica os sucessivos anúncios falhados da actual gestão, um deles até com “uma candidatura que permitia à Associação das Festas e à própria Câmara Municipal ter uma almofada” de “400 mil euros”.

“O que nos parece é que houve, mais do que tudo, falta de mobilização dos campomaiorenses. Recordando 2020, quando se anunciaram as festas antes da Covid, no início de Janeiro havia vinte e poucas ruas e quando chegámos a finais de Fevereiro já havia cinquenta e tal, ou seja, houve um crescendo e esse crescendo só existiu porque fomos falar com as pessoas das ruas, fomos falar com os cabeças de rua e tentámos ir sensibilizando os campomaiorenses pouco a pouco. Acredito que, se não tivesse sido essa questão da pandemia de Covid-19, certamente teríamos feito Festas do Povo”, sublinha.

Mais empresas, mais emprego

Na vertente do desenvolvimento económico, a estratégia do SIM passa não só pela “promoção turística”, criando “melhores condições” na “restauração” e na “hotelaria”, como também pelo apoio às empresas já instaladas e pela captação de novos investimentos.

“Tivemos conhecimento que algumas empresas se dirigiram até à Câmara Municipal tentando instalar-se no concelho e acabaram por ter uma resposta como ‘vamos ver’ e este ‘vamos ver’ acabou por não passar daí. Connosco, com o SIM na Câmara Municipal, este ‘vamos ver’ não é um ‘vamos ver’, é ‘vamos trabalhar, vamos executar e vamos avançar para a frente’. Cada empresa que se possa instalar em Campo Maior são postos de trabalho e postos de trabalho geram economia, geram riqueza e geram tudo o que está à volta daquilo que é bom para Campo Maior”, salienta João Muacho.

Um voto de mudança

Questionado sobre eventuais coligações pós-eleitorais, João Muacho reforça que o SIM apresenta-se às autárquicas de 2025 “com uma só ideia: vencer as eleições e até por maioria”.

“Os campomaiorenses acabam por ter nas mãos, no dia 12 de Outubro, a decisão democrática e plural de escolher a melhor equipa para os destinos dos próximos quatro anos em Campo Maior. E quando se vai decidir, decide-se em continuar com o que existe, que, ao fim e ao cabo, não tem correspondido aos anseios e aos desejos de todos os campomaiorenses, ou mudar. E esse voto de mudança claramente é no SIM, porque nós somos uma equipa coesa, uma equipa forte, uma equipa com ideias e uma equipa que tem a capacidade de trabalho, atitude para mudar e uma proximidade com as pessoas”, conclui.

Perfil

João Muacho, de 55 anos, foi presidente da Câmara Municipal de Campo Maior entre 2019 e 2021, eleito pelo PS, assumindo estas funções quando o então autarca, Ricardo Pinheiro, foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Portalegre.
À Assembleia Municipal, o SIM candidata Joaquim Ruas. Nas freguesias, os cabeças de lista são António Luís Caleiro (Nossa Senhora da Expectação), Diana Gaita (Nossa Senhora da Graça dos Degolados) e Diodina Gaita (São João Baptista).

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