Os 15 presidentes de câmara do distrito de Portalegre repudiaram hoje a ação de associações ambientalistas que interpuseram uma providência cautelar, na semana passada, para travar a construção da Barragem do Pisão, no concelho do Crato.

Em comunicado subscrito pelos 15 autarcas e enviado à agência Lusa pelo Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), entidade responsável pela execução da obra, os autarcas afirmaram repudiar a ação, considerando tratar-se de um “bloqueio ambientalista”.
“O Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato – Barragem do Pisão, o mais ambicioso projeto do Alto Alentejo em décadas, é forçado a interromper os seus trabalhos após providência cautelar interposta por associações ambientalistas junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, que decreta a anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA)”, lê-se no comunicado.

Um grupo de associações ambientalistas interpôs uma providência cautelar para travar as obras da Barragem do Pisão, revelou hoje à agência Lusa o secretário executivo do GEOTA, Hélder Careto.
“O propósito da providência cautelar é, obviamente, parar as obras, porque, neste momento, já há uma grande área de destruição”, alertou o responsável do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), uma das associações ambientalistas que está evolvida na providência cautelar.
Hélder Careto sublinhou que, após a entrada do processo e de as partes terem sido notificadas pelo tribunal, as “obras não pararam, continuaram”, pelo que os ambientalistas estão a desenvolver outros procedimentos junto da justiça para denúncia dessa situação.
“Neste momento, o assunto está a transitar em julgado, aguardam-se as resoluções fundamentadas das diversas entidades que são citadas no processo e também a decisão do juiz”, disse.
A obra, argumentou, “era para estar absolutamente parada, porque o juiz deu ordem para parar as obras e isso não aconteceu”.

A providência cautelar foi interposta pelas associações ambientalistas GEOTA, Quercus, LPN e Zero, tendo já sido notificadas a CIMAA e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entre outras entidades.
No comunicado enviado à Lusa, a CIMAA informou que vai responder a esta ação em sede própria e manifestou a “profunda convicção” de que irá ultrapassar este novo bloqueio ao desenvolvimento do Alto Alentejo.

A CIMAA garantiu ainda que, “com maior ou menor oposição”, o projeto da Barragem do Pisão “vai ser concretizado”, porque tem o compromisso dos autarcas dos 15 concelhos do distrito de Portalegre, do Governo e das populações. A CIMAA recordou tratar-se de uma “infraestrutura decisiva” para o desenvolvimento do Alto Alentejo e que visa a “melhoria das condições de vida” das populações, a par do “respeito total” pelo ambiente.
“O escrutínio é natural num investimento tão complexo e tão transformador como este, sendo que estes entraves legais, perpetuados por associações ambientalistas, já aconteceram no passado – e estamos certos de que vão continuar a acontecer –, enquanto for possível judicialmente contestar o projeto”, admitiu.
A CIMAA e respetivos associados reafirmaram ainda “total transparência” na condução do processo e no “cumprimento de todas as exigências” ambientais, “respeitando escrupulosamente” as normas e a legislação em vigor.
Por isso, reafirmaram manter-se “totalmente convictos da continuidade” da construção da Barragem do Pisão: “Reforçamos ainda a confiança que depositamos em todo o trabalho efetuado pela APA e Ministério do Ambiente e Energia” e pelas “demais entidades envolvidas no processo”.

A Barragem do Pisão é o investimento público “mais avultado de sempre” assumido por uma comunidade intermunicipal, com uma dotação de 222 milhões de euros, assegurados pelo Orçamento do Estado e outras fontes de financiamento disponíveis, recordou.
“Tem como objetivos assegurar o abastecimento de água potável, combater a desertificação da região, diversificar a agricultura e contribuir para a reconfiguração da produção energética” naquela zona alentejana, argumentou a CIMAA.

E o projeto, destacou, “deverá ser também um agente de atração de habitantes para um território demograficamente desfavorecido do país, mantendo simultaneamente um sistema eficiente de gestão dos recursos hídricos”.
 
HYT // RRL
Lusa/Fim

Carregar mais artigos relacionados
Carregar mais artigos por Redacção
Carregar mais artigos em Actual

Veja também

Domingo com nuvens, mas com pouca probabilidade de chuva

Céu geralmente muito nublado, com abertas na região Sul, em especial durante a tarde. …