A Câmara de Portalegre reivindicou hoje a total operacionalidade da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) ao serviço das populações, que esteve 480 horas inoperacional, entre 01 de janeiro e 31 de julho deste ano.
A reivindicação foi feita hoje pela presidente do Município de Portalegre, Fermelinda Carvalho, numa reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Alentejo.
Em declarações à agência Lusa, após a reunião, a presidente da autarquia lamentou que a VMER esteja, por várias ocasiões, inoperacional e revelou ter reivindicado junto da administração da ULS do Alto Alentejo uma solução para o problema.
“Infelizmente, esta situação da não operacionalização não é algo novo, já ocorreu ao longo dos anos, muitas vezes. Ultimamente, podemos dizer, em tempos médios, que está 10% do tempo inoperacional”, argumentou.
Segundo a autarca, isto “não pode ser” e, por isso, disse ter transmitido ao presidente do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo que a câmara exige que “a VMER esteja em funcionamento 100% do tempo”.
Contactada pela Lusa, fonte do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo indicou que, entre 01 de janeiro e 31 de julho deste ano, ou seja, nos primeiros sete meses deste ano, a VMER adstrita ao hospital de Portalegre, esteve inoperacional um total de 480 horas.
A autarca Fermelinda Carvalho referiu que a inoperacionalidade da VMER está relacionada com a escala dos médicos e com a colocação destes profissionais de saúde “em alguns horários”.
E afiançou que o conselho de administração da ULS do Alto Alentejo vai reivindicar junto das entidades competentes a contratação de médicos para que a VMER esteja operacional 24 horas por dia.
“Aquilo que o senhor presidente do conselho de administração da ULS do Alto Alentejo vai pedir, em primeiro lugar, é que tenhamos disponibilidade de médicos, mas, sempre que isso não aconteça, que a VMER possa sair só com enfermeiros, porque consegue dar uma resposta”, disse a presidente do município.
Fermelinda Carvalho acrescentou que a ULS “vai exigir” também para o hospital daquela cidade uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV).
“Eu disponibilizei-me também para ajudar na compra desta viatura. Este equipamento, tal como como a VMER, não serve só o concelho de Portalegre, mas como está sediada na nossa ULS acho que Portalegre poderá ter aqui uma responsabilidade acrescida”, justificou.
A SIC noticiou, no dia 29 de agosto, que um homem, de 56 anos, morreu em Marvão, distrito de Portalegre, devido uma paragem cardiorrespiratória.
De acordo com a estação de televisão, o homem foi assistido pelos bombeiros porque a VMER de Portalegre estava inoperacional.
Segundo a SIC, tratou-se da segunda morte neste distrito alentejano a coincidir com períodos em que a VMER não esteve disponível.
Em comunicado enviado à Lusa, a ULS do Alto Alentejo reconheceu “os constrangimentos” operacionais da VMER de Portalegre, que “esteve inoperacional em diversos períodos durante o mês de agosto por indisponibilidade médica”.
“Infelizmente, registaram-se duas ocorrências fatais em momentos em que a VMER não estava disponível, o que reforça a urgência de uma resposta estruturada e eficaz”, disse.
Trata-se de um problema “estrutural e prolongado”, resultante da escassez de médicos e da dependência de prestadores externos, “com custos elevados e sem garantia de continuidade” assistencial, segundo a ULS .
Para esta terça-feira, a ULS do Alto Alentejo tem agendada, pelas 12:00, uma reunião ‘online’ com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sobre o tema, “visando soluções estruturais”.
A Lusa contactou, por correio eletrónico, a Inspeção-Geral das Atividade em Saúde acerca destas duas mortes e para saber se foram abertos inquéritos à inoperacionalidade da VMER nesses dias, mas não obteve esclarecimentos até ao momento.

HYT // RRL
Lusa/Fim

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