O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) alerta para o impacto negativo do novo modelo de acesso ao Ensino Superior, que entrou em vigor este ano letivo, e pede a sua revisão já no próximo ano.
Os dados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) confirmam uma quebra significativa no número de colocados, especialmente no subsistema politécnico.
Segundo os números divulgados no domingo, 24 de Agosto, cerca de 14 mil estudantes optaram pelo ensino politécnico, correspondendo a uma taxa de colocação de apenas 63%. No total nacional ficaram colocados 43.899 alunos, menos 12,1% face a 2024, o que representa uma redução de cerca de 10 mil candidatos.
“Barreiras ao acesso”
A presidente do CCISP, Maria José Fernandes, lembra que a alteração das regras, exigência de mais provas de ingresso, maior peso dos exames específicos e menor valorização do percurso escolar tinha sido desde cedo contestada pelos politécnicos.
“Alertámos que estávamos a criar barreiras a um conjunto significativo de alunos, sobretudo de famílias mais desfavorecidas, que não têm condições para custear preparação adicional para exames”, sublinha.
A responsável alerta ainda para as consequências regionais: “Estamos perante uma litoralização do Ensino Superior, que além de acentuar as assimetrias, coloca em risco a sustentabilidade de cursos no Interior e a própria coesão territorial”.
Politécnico de Portalegre
No Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), verificou-se uma quebra de 71 alunos em relação ao ano anterior. Nesta primeira fase foram colocados 337 estudantes, ficando 295 vagas por preencher das 631 disponíveis.
Ainda assim, o IPP destaca que continua a ser a primeira opção para a maioria dos candidatos, com mais de 65% das colocações em 1ª e 2ª escolhas. Cursos como Enfermagem, Fisioterapia, Educação Básica, Design de Animação e Jornalismo e Comunicação voltaram a registar elevada procura, preenchendo a totalidade das vagas disponíveis.
Segundo comunicado da instituição, quando considerados os alunos de outros regimes de ingresso, concursos especiais e internacionais, “a maioria das licenciaturas já apresenta taxa de ocupação de 100%”. O Politécnico de Portalegre prevê ultrapassar, pelo terceiro ano consecutivo, a barreira dos mil novos estudantes, após concluídas as três fases do CNAES e restantes regimes de acesso.
Próximos passos
As candidaturas à 2ª fase do CNAES decorrem de 25 de agosto a 3 de setembro, com várias vagas ainda disponíveis em cursos do IPP, entre os quais Administração Publicidade e Marketing, Agronomia, Engenharia Informática, Turismo e Enfermagem Veterinária.
Enquanto isso os politécnicos mantêm a pressão para que o modelo de acesso seja revisto já no próximo ano letivo, evitando, nas palavras de Maria José Fernandes, que se prolongue “um retrocesso para os alunos, para as instituições e para o país”.
