Alzira Trindade, mãe de Manuel Trindade, o jovem forcado de São Manços que perdeu a vida durante uma pega, escreveu uma carta aberta na sua página de Facebook, em resposta às críticas negativas que têm surgido após a morte do filho.

Na missiva, dirigida ao PAN e seus seguidores, a mãe agradece de forma irónica os comentários de quem celebrou a tragédia: “Venho agradecer todos os vossos aplausos, todos os risos e regozijos com a morte do meu filho. Vocês conheceram-no para ficarem contentes com a sua morte? Vocês sabem se ele gostava de animais? Por acaso sim! Sempre tivemos cães, que fazem parte da nossa família, dormiam com ele, riam-se quando chegava a casa… Os animais sabem quem são as boas pessoas!”.

Alzira Trindade defendeu a honra e a coragem do filho, recordando a ligação ao grupo de forcados de que fazia parte: “O meu filho pertencia a um grupo de irmãos que envergam uma jaqueta com honra, com bravura. Estes grupos nunca fizeram mal a um touro, lidavam com ele com arte!”.

Revoltada com comentários ofensivos sobre a morte do filho, Alzira acrescentou: “O meu filho nunca vos incomodou para vocês dizerem ‘já nos livramos de mais um’, ‘este já está arrumado’. Na vossa perspectiva o meu filho não é um animal. Mas é! Um animal racional!”.

Alzira Trindade comparou a actividade taurina a outros desportos de risco: “Porque não criticam os corredores de Fórmula 1, os pugilistas, os esquiadores, os amantes de rapel… Tantos desportos que colocam em risco a vida do animal racional”.

Em tom de dor e ironia, revelou ainda que o filho foi dador de órgãos e que, mesmo depois de partir, ajudará outras pessoas a viver: “Estou aqui na minha casa, a fazer tempo… à espera… que me entreguem o corpo do meu ‘Menino de Ouro’. Sim, a esperar! Porque ele, esse animal, foi para dador de órgãos e assim ajudar sete vidas de animais racionais! Olhem, celebrem… ele vai continuar vivo em sete pessoas para vos incomodar”.

“Não vos ocupo mais o tempo com o meu desabafo, podem continuar a desejar-me condolências e apoio com o vosso carinho ‘conhecido’. Se tiveram coragem! Celebrem”, concluiu.

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