É elvense o primeiro Doutor Honoris Causa por um Politécnico nacional. A escolha recaiu sobre António Cachola e a distinção honorífica, atribuída pelo Instituto Politécnico de Portalegre, foi oficializada em cerimónia realizada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão da capital do distrito na passada sexta-feira.
Não vou debruçar-me sobre o acto propriamente dito, porque disso se encarrega o jornalista Nuno Barraco noutras páginas desta edição do Linhas. Pretendo, isso sim, fazer à minha maneira um elogio do homenageado, na certeza, porém, que ficarei a léguas de distância do inspiradíssimo discurso laudatório feito pelo Professor Albano Silva no auditório da ESTG na tarde do último dia de Fevereiro.
Falar do Dr. António Cachola é-me simultaneamente fácil e grato porque o conheço de há longa data ele faz o favor de me presentear com a sua amizade. António Manuel Raleira Cachola nasceu em Elvas em 1954 e é licenciado em Economia. Além da vida académica, notabilizou-se na juventude pela prática desportiva, obtendo bons resultados no futebol e atletismo.
Pouco depois de ter concluído o seu percurso académico foi professor na Escola Secundária D. Sancho II da nossa cidade. Foi todavia na área da gestão que se destacou na sua carreira profissional, tendo exercido funções de direcção executiva nos sectores administrativo e financeiro, com destaque para o Grupo Nabeiro – Delta Cafés.
Foi em 1981 que António Cachola ingressou na empresa liderada pelo saudoso comendador Rui Nabeiro. Não obstante ter cessado funções em 2020 como director financeiro, continua hoje a ter assento no Conselho de Administração do Grupo.
Para além da preenchida e profícua carreira profissional, ao meu protagonista é (re)conhecida a paixão pela arte contemporânea, tendo iniciado em 1990 aquela que é hoje considerada a maior colecção de artistas portugueses das últimas décadas. Uma colecção que, como se sabe, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas acolhe desde Julho de 2007.
O labor cultural de António Cachola valeu-lhe em 2013 a atribuição da Comenda da Ordem do Mérito Civil, concedida pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. A distinção foi entregue em Elvas no feriado de 10 de Junho desse ano, quando a nossa cidade recebeu as comemorações nacionais do Dia de Portugal.
Só uma personalidade com a mundividência do Comendador Cachola poderia juntar ao seu redor um tão numeroso e diversificado conjunto de personalidades de diversos quadrantes que o acompanharam no seu Doutoramento Honoris Causa. O Ministro da Educação, Ciência e Tecnologia, Fernando Alexandre, o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, o advogado Daniel Proença de Carvalho e a família Nabeiro, a par de actuais autarcas e ex-governantes, foram apenas algumas dessas figuras.
A cereja no topo do bolo foi a intervenção final do homenageado. Uma verdadeira oração de sapiência, durante a qual o novo doutor pelo IPP prendeu a plateia com a sua dissertação sobre as fronteiras, a liberdade ou a privação dela. Foi, ainda, uma demonstração de como a cultura de uma forma geral e a arte em particular podem – e devem – assumir-se como instrumentos para a paz e a liberdade dos povos.
Muitos parabéns, estimado Dr. António!
Artigo publicado na edição impressa de 6 de Março
