A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, e a Universidade do Porto estão a trabalhar num projeto que recorre à inteligência artificial (IA) para criar um algoritmo que interprete e resuma atas de reuniões camarárias.
O projeto CitiLink foca-se no processamento de linguagem natural e tem como objetivo modernizar e simplificar o acesso à informação sobre decisões municipais, pondo esses dados públicos ao serviço dos cidadãos, profissionais da comunicação e decisores políticos.
Segundo o professor na UBI Ricardo Campos, que lidera a investigação, o projeto de “Inteligência Artificial e Ciência de Dados” pretende não apenas interpretar e resumir os documentos, mas também identificar os principais assuntos discutidos, associá-los aos respetivos pelouros e destacar as posições assumidas por cada eleito municipal.
A solução vai aplicar tecnologias avançadas de cibersegurança, inteligência artificial e ciência de dados.
Os responsáveis preveem dentro de um ano disponibilizar um protótipo experimental que facilite o acesso a essa informação.
O teste tem envolvidos os municípios da Covilhã, Fundão, Alandroal, Campo Maior, Guimarães e Porto e conta com a colaboração de outras entidades parceiras, como a Associação Porto Digital.
Ricardo Campos, em declarações à agência Lusa, aludiu à responsabilidade, enquanto investigadores, de contribuir para o fortalecimento da democracia.
“Num momento em que se assinalam os 50 anos das primeiras eleições autárquicas em Portugal enquanto país livre, acreditamos que a integração responsável de algoritmos de inteligência artificial na administração pública, especialmente a nível local, pode desempenhar um papel fundamental na aproximação dos cidadãos às decisões que impactam diretamente as suas vidas”, enfatizou o docente.
Com esta ferramenta, o investigador anteviu que se possam criar condições para que cidadãos, jornalistas e decisores políticos acompanhem de forma mais eficiente as deliberações municipais, “contribuindo assim para um debate público mais informado e uma participação cívica mais ativa”.
Outra das vantagens apontadas por Ricardo Campos é desenvolver algoritmos avançados para detetar assuntos relevantes, identificar posições políticas e gerar automaticamente resumos no contexto específico das atas municipais.
A garantia de que os conteúdos selecionados e processados pelo algoritmo são os mais relevantes são assegurados “através de um processo de validação humana”, explicou o professor na UBI.
“Este processo iterativo permitirá afinar os modelos e garantir que a informação extraída é precisa, representativa e relevante para o interesse público”, acrescentou o investigador, em declarações à Lusa, agência com quem a equipa já colabora.
Para evitar distorções, omissões ou interpretações inadequadas, e garantir que a informação disponibilizada reflete de forma rigorosa o conteúdo das deliberações municipais, cada nova ata será revista e validada por um especialista, por exemplo pelo responsável pela sua redação.
O CitiLink, investigação feita em parceria entre a Universidade da Beira Interior, no distrito de Castelo Branco, o Instituto de Engenharia, Tecnologia e Ciência de Sistemas e Computadores e a Universidade do Porto, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

AYR // JEF

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