Os Estados Unidos anunciaram, no passado sábado (dia 1 de fevereiro), a cobrança de uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos importados da China, usando o fentanil como pretexto. Segundo dirigentes chineses, “a ação equivocada de Washington viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e impactará tanto na sua cooperação com a China quanto na própria economia norte-americana”.

E acrescentam:

“A China já deixou claro que abrirá um processo judicial na OMC e tomará as contramedidas necessárias para proteger os seus interesses legítimos. Deve referir-se que o aumento norte-americano de tarifas aduaneiras a pretexto da questão de fentanil é completamente irracional. Esta substância tornou-se droga ilícita nos EUA devido à sua enorme procura, que culminou em um uso abusivo, além de falta de vigilância e administração por parte do governo”.

E sublinham:

“Na realidade, a China aplica as políticas antidrogas mais rigorosas e abrangentes do mundo. Já em 2019, o país divulgou a listagem formal das substâncias do tipo fentanil como uma categoria completa, tornando-se o primeiro país do mundo a tomar essa medida”.

A este propósito, referem analistas:

“As tarifas adicionais sobre a importação serão suportadas pelos importadores e, no final, pelos consumidores do próprio país. A ação acabará por distorcer a cadeia industrial global. Isso é um consenso entre os thinktanks norte-americanos, como o Instituto Peterson de Economia Internacional, e também uma consequência comprovada pela última ronda de guerra comercial lançada por Washington em 2018”.

Segundo reportagens publicadas pela imprensa dos EUA, os produtos importados da China (como peixes e crustáceos, óleos e gorduras vegetais, vegetais, especialmente milho, frutas, nozes, sabonetes, lubrificantes, chás e especiarias), estão sujeitos à atual ronda de aumento de impostos aduaneiros.

Além disso, dado que a China tem vantagens notáveis nas exportações de aparelhos eletrónicos de consumo, calçados e brinquedos, a imposição de tarifas adicionais sobre essas mercadorias também terá um impacto na vida do povo norte-americano.

E analistas questionam:

“Comparando com os EUA, quais serão as influências sobre a China? A curto prazo, as vantagens de custo de alguns produtos chineses podem ser enfraquecidas, mas o “made in China” manterá a sua competitividade global, graças ao seu bom desempenho de custo-benefício, base sólida da indústria de manufatura, cadeia de abastecimento completa e capacidade de produção eficiente. Mais importante ainda, após vários anos de reajustamentos, a dependência da China das exportações para os Estados Unidos diminuiu significativamente e a sua resiliência neste setor vem sendo fortalecida.

De uma perspectiva global, a imposição unilateral de tarifas adicionais pelos Estados Unidos despertou forte insatisfação e até contramedidas de outros parceiros comerciais. A comunidade internacional tem-se mostrado preocupada com a possibilidade de se assistir a um círculo vicioso de retaliação e contrarretaliação, que possa levar a uma guerra comercial global, impactando a estabilidade das cadeias de produção e de oferta globais e prejudicando o crescimento económico mundial”.

A este propósito, dirigentes chineses afirmam:

“Não há vencedores em guerras comerciais e tarifárias. Esperamos que os EUA lidem com esta questão do fentanil e outros problemas de forma objetiva e racional, e não usem isso como desculpa para ameaçar outros países por meio de tarifas. A experiência histórica mostra que se a China e os Estados Unidos estiverem em paz, ambos beneficiarão; mas se lutarem entre si, ambos os países sofrerão com isso”.

Publicidade: Centro de programas de línguas da Europa e América Latina da China

Fonte: VCG
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