Tomás Coutinho Martins de Carvalho Cordeiro, de 33 anos, que chegou a trabalhar nas Nações Unidas em Nova Iorque e viajou por 41 países, perdeu a vida num trágico acidente de viação em Lisboa.

O funeral de Tomás, filho do conceituado advogado Manuel Durão de Carvalho Cordeiro e de Maria Teresa Coutinho Martins, jurista do Banco de Portugal, realizou-se na terça-feira, 10 de Dezembro, em Lisboa, sendo que as suas cinzas foram depositadas em cerimónia religiosa privada no dia seguinte, no jazigo de família no Cemitério Municipal de Castelo de Vide.

De acordo com o Notícias de Castelo de Vide, as missas por sua alma estão marcadas para este domingo, dia 15: pelas 11 horas da manhã na Igreja Matriz de Santa Maria da Devesa em Castelo de Vide e pelas 19,00h na Basílica da Estrela em Lisboa.

No adeus a Tomás, Maria Cordeiro, a irmã, leu um texto escrito pelo jovem falecido sobre ligações prematuras que se perdem:

“O que é a vida senão ligações?

O que é a vida afinal? O que somos nós? E o que é a vida dentro de nós? O nosso corpo não é mais que carne e osso. O nosso ADN, pelo menos o que percebemos dele, caracteriza a nossa individualidade, mas aquilo que nos faz o que somos vai mais além, e expressa-se talvez pela multitude de ligações sinápticas entre os biliões de neurónios no nosso cérebro. Ligações essas que carecem de manutenção, saúde, regeneração, dedicação e ausência de comportamentos destrutivos para que se mantenham abertas. Mas quando uma ligação se perde no cérebro, nada muda. Aquela complexa rede continua a disparar biliões de impulsos por segundo, e nada no seu produto parece mudar: eu sou o mesmo, não mudei. Mas alguma coisa teve que mudar… pois uma peça desapareceu, e um vazio ficou no seu lugar.

No fundo acho que a vida na sua essência resume-se a isso, ligações. Podemos chamar-lhe amigo, conhecido, amigo especial ou colorido, mãe, pai, namorada, irmão, mulher ou filha, mas se esquecermos os rótulos por um segundo, tudo se resume à ligação. A nossa vida resume-se às ligações que construímos durante a nossa existência. Não quer isso dizer que todas as ligações durem para sempre, algumas serão curtas, outras duradouras, algumas podem ser eternas enquanto outras prematuramente perdidas. São as prematuras que me preocupam, pois embora as ligações que se perdem naturalmente deixem também um vazio, são aquelas que são prematuras que deixarão o vazio maior, um vazio insubstituível de uma vivência que se perdeu. Tão prematuro como um passo não dado, uma palavra não dita, um gesto mal interpretado.

No fim, o que somos, o que fomos e seremos e aquilo que deixaremos para trás edifica-se naqueles que amamos, e portanto devemos dizer a quem nos rodeia o quanto eles são importantes para nós. Sempre.”

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