A literacia financeira vai ser lecionada enquanto disciplina em sete escolas que vão participar num projeto-piloto a ser lançado no próximo ano letivo, anunciou o secretário de Estado Adjunto e da Educação esta quarta-feira, dia 10.

A notícia, avançada pela  Agência Lusa, dá sequência à ambição do Ministro da Educação, Ciência e Inovação  que entende ser necessário “melhorar a literacia financeira dos alunos”, porque “estar na média da OCDE é pouco”.

Reforçar essa competência, segundo explicou o Secretário de Estado, passa por transferir e aprofundar numa disciplina específica matéria que já é obrigatória na disciplina de educação para a cidadania.

Alexandre Homem Cristo, ouvido em audição regimental na Assembleia da República, detalhou que a nova disciplina vai ser integrada no plano curricular do Ensino Secundário.

Durante a audição, comissão parlamentar de Educação e Ciência, o secretário de Estado reconheceu a necessidade de melhorar o desempenho dos alunos ao nível da literacia financeira, confirmado pelos resultados divulgados recentemente pelo PISA 2022.

Nessa avaliação, os alunos portugueses obtiveram 494 pontos, numa escala de zero a 1.000, em linha com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas pioraram ligeiramente em relação à avaliação anterior, em 2018. Os resultados colocam Portugal em 9.º lugar numa lista de 20 países.

O próprio ministro da Educação, Ciência e Inovação já tinha afirmado que é preciso melhorar os conhecimentos dos alunos sobre literacia financeira, considerando que “estar na média da OCDE é pouco” e reconhecendo a importância das escolas e professores neste processo.

Por ocasião da divulgação dos resultados, no final de Junho, Fernando Alexandre lembrou que está a decorrer um “processo de revisão das aprendizagens” e, nesse sentido, “a literacia financeira será reforçada”, até porque se os alunos “não estão tão mal” nas atitudes e comportamentos, o mesmo não se poderá dizer em relação aos conhecimentos, onde ainda existe “um enorme espaço para melhorar”.

O estudo da OCDE revelou que os jovens portugueses têm menos contacto com produtos e atividades financeiras – apenas 38% tinham conta bancária (a média da OCDE é 63%) e apenas 27% tinham cartão de débito ou crédito (contra 62% da OCDE) -, mas destacam-se quando toca a comparar preços.

Carlos Cipriano, co-autor do Livro 79 Vozes para a Literacia Financeira, e colunista do Linhas de Elvas uma das vozes a favor  da medida

Carlos Cipriano, Consultor Estratégico e Operacional e colunista do Linhas de Elvas, congratulou-se pela medida anunciada.

Carlos Cipriano

Na rede social Facebook reagiu desta forma à notícia: “Felizmente são cada vez mais as pessoas que, de uma forma ou de outra, estão envolvidas num movimento – diria orgânico – pelo aumento da literacia e educação financeira dos Portugueses.

É o contributo de todos, em prol de um NÓS, cada vez mais informado, esclarecido, conhecedor, atento e com sensibilidade para a importância da componente financeira nas nossas vidas.

Sinto muito orgulho em pertencer a este movimento, feito de muitas pessoas anónimas, que a seu jeito lutam por mais e melhor educação e conhecimento financeiro da sociedade civil.

São notícias como esta que precisamos replicar e consolidar no dia-a-dia das nossas escolas e até mesmo nas nossas empresas”.

Importa lembrar que Carlos Cipriano é co-autor do livro  “79 Vozes pela Literacia Financeira” lançado recentemente. A obra reune em 600 páginas a reflexão de 79 individualidades  sobre Educação e Literacia financeira em Portugal. Trata-se de uma união coletiva em torno de um tema premente que necessita ser abordado de forma “clara e útil a toda a sociedade civil”.

Aquando do lançamento do do livro, Carlos Cipriao enumerava as principais lacunas da literacia fnanceira em Portugal:

– temos uma literacia financeira baixíssima. Somos os piores da Europa;

– não sabemos a diferença entre investimento e gastos, ou até entre gasto e pagamento;

– não sabemos calcular os juros de uma aplicação ou crédito;

– não sabemos o que são juros simples e juros compostos;

– não sabemos entender o que é a inflação e o seu efeito e até a relação entre taxas de juro e inflação;

– quando não conseguimos ter a poupança dentro da nossa forma de viver e outros comportamentos financeiros, continuaremos assim: em último e cada vez mais pobres;

– quando forças políticas (PS e BE) chumbam em Dezembro 2023 resolução que visa dar preponderância à literacia financeira em contexto escolar, estão a nivelar o país por baixo.

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