A DECO PROTeste, a principal organização portuguesa de defesa do consumidor, examinou os tarifários de água, saneamento e resíduos sólidos, concluindo que persiste uma discrepância significativa entre os custos unitários e escalões tarifários nos diversos municípios do país.

Esta disparidade resulta em facturas muito distintas para famílias, refletindo uma falta de equidade. A análise revelou diferenças substanciais entre as despesas anuais de água para famílias de quatro pessoas, atingindo 376,04€ a 625,73€ entre os municípios para um consumo de 120 a 180 m³ anuais.

Nas redes sociais do Linhas de Elvas é recorrente vários leitores considerarem que a empresa que assegura a gestão da factura da água, que inclui não só o preço da água, mas também dos esgotos e tratamento do lixo, pratica um tarifário com preços dos mais caros em Portugal.

Será que é mesmo assim? Perante este caso concreto, importa esclarecer se se trata – ou não – uma das águas mais caras de Portugal. Na rubrica “Fact Check” do Linhas de Elvas, baseamos a informação na análise mais recente, divulgada ontem, pela DECO PROTeste.

Estima-se que a quantidade de água consumida mensalmente por uma família de quatro pessoas varie entre os 10 e os 15 m³, o que corresponde a um consumo de cerca de 120 ou 180 m³ anuais. Em Portugal, algumas entidades gestoras dos serviços de água ou de saneamento continuam a cobrar preços muito superiores a partir do consumo dos 10 m³ mensais.

Através de uma análise nacional, a DECO PROTeste conclui que a dispersão tarifária é muito elevada para 120 m3, agravando o intervalo de diferença para aumentos de consumo de 180 m3. Em Portugal continental, os serviços de abastecimento, saneamento e resíduos sólidos atingem uma diferença de 376,04€ na fatura global entre concelhos para o mesmo consumo de 120 m3 anuais. No caso do consumo anual de 180 m3, esta disparidade entre concelhos com a fatura global mais baixa e a mais alta intensifica para 625,73€.

Concelhos com a fatura global mais elevada, tendo em conta diferentes cenários de consumo da família:

 Consumo anual de 120 m³Consumo anual de 180 m³
1Amarante | Total: 470,13€Fundão | Total: 751,64€
2Oliveira de Azeméis | Total: 468,68€Oliveira de Azeméis | Total: 684,10€
3Trofa | Total: 467,25€Santa Maria da Feira | Total: 682,82€
4Baião | Total: 453,32€Celorico de Basto | 668,91€
5Celorico de Basto | 451,10€Covilhã | Total: 666,00€
Cenário tendo em conta a tarifa em vigor no mês de junho de 2023, sem IVA ou taxas (TRH, TGR)

Concelho de Elvas, tarifário dos serviços de 2023

Fatura da água120m3 anuais180m3 anuais
Abastecimento Detalhes da Entidade de Abastecimento de Água161,72 €228,02 €
Saneamento Detalhes da Entidade de Saneamento145,54 €205,21 €
Resíduos Sólidos Detalhes da Entidade de Resíduos Sólidos95,74 €124,90 €
Total (sem IVA)403,00 €558,13 €

Disparidade de preços das tarifas

A disparidade de preços entre municípios é um de muitos problemas por resolver em Portugal. A titulo de exemplo, a diferença do custo de abastecimento de água entre dois concelhos atinge 205,55€ para o mesmo consumo de 120 m3 anuais, e 341,04€ para o consumo anual de 180 m3. O intervalo de variação dos custos é cerca de 6 vezes entre concelhos com tarifário mais alto e mais baixo.

Já o serviço de saneamento apresenta diferenças de 172€ e 332,40€ entre concelhos com tarifários mais baixo e mais alto, respetivamente para consumos de 120 m3 e 180 m3. Estes correspondem, respetivamente, a 14 vezes mais (para cenário de consumo de 120 m3) e 23 vezes mais (para consumo de 180 m3).

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