A ministra da Coesão Territorial assegurou que será encontrada uma solução caso o Alentejo venha a ser prejudicado no acesso a fundos comunitários, após o PT2030, devido à criação de uma NUT II na Península de Setúbal.
“É uma preocupação. Não ignoro, não escondo que é uma preocupação. Aliás, o próprio testemunho do senhor presidente da CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] do Alentejo não escondeu essa preocupação. Se o presidente da CCDR Alentejo está preocupado, certamente que a ministra da Coesão Territorial não deixa de estar preocupada e atenta. E fica aqui o compromisso – pelo menos enquanto eu tiver este dossier, será uma preocupação – de não prejudicar o Alentejo. E temos com a Comissão Europeia muitos mecanismos para não prejudicar o Alentejo”, disse.
A ministra respondia no parlamento a um requerimento do PSD sobre as alterações ao mapa das Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), que criou uma nova NUT na Península de Setúbal, para facilitar o acesso pelos nove municípios desta zona a fundos comunitários.
Desta forma, ao separar a Península de Setúbal da restante Área Metropolitana de Lisboa (AML) para recebimento de fundos, estes municípios da margem sul do Tejo poderão receber fundos comunitários comparticipados a uma taxa mais elevada, por terem em conjunto um PIB mais baixo do que a média dos restantes municípios da AML.
O PSD partiu de um alerta do presidente da CCDR do Alentejo, que avisou que a nova configuração poderá vir a prejudicar o Alentejo como um todo no acesso a fundos comunitários, porque o peso dos nove municípios da Península de Setúbal irá aumentar a média do PIB ‘per capita’ alentejano.
Os sociais-democratas não estão contra a nova NUT Península de Setúbal, mas criticaram a falta de estudos, pareceres e estatísticas que estiveram na base da lei, proposta pelo Governo e aprovada com caráter de urgência no parlamento, em 22 de dezembro, em apenas dois dias, e já na margem do prazo limite para que fosse apresentada a nova configuração ao Eurostat, tendo em conta a distribuição de fundos comunitários a partir de 2027.
O deputado social-democrata João Paulo Barbosa de Melo lamentou que não tenham sido estudadas as implicações desta reforma para todas as regiões implicadas e afirmou que fez “umas contas” com base nos dados do Eurostat por PIB, população e NUTS, comparando a situação até agora com a que ocorrerá com a nova lei.
“Uma coisa é absolutamente certa: o Alentejo estava ali nos 72% da média de PIB ‘per capita’ e passa seguramente para cima dos 75%. Ou seja, não havendo surpresas de maior, o Alentejo está a caminho de deixar de ter fundos de apoio ao desenvolvimento regional. O Governo, com o pretexto de resolver esta questão, que era justa, da Península de Setúbal, acabou por fazer aqui uma alteração. No fundo, o que eu queria e o que queríamos ouvir é, agora que está tudo feito, como é que a senhora ministra vai explicar aos barranquenhos, aos serpenses, aos mertolenses que, exclusivamente por causa deste redesenho de fronteiras, vão ficar fora dos fundos comunitários?”, questionou o deputado do PSD.
Ana Abrunhosa destacou que a elegibilidade das regiões para o quadro que se seguirá ao PT2030 será feita com base nos dados relativos aos anos de 2020 a 2023 e apenas em 2025/2026 terá dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para saber se existirá ou não “um problema com o Alentejo”.
“As contas que eu tenho foram feitas com base nos dados apenas de 2021 e o dado que eu vos estou a transmitir é que o PIB ‘per capita’ em paridade de poder de compra no Alentejo é de 70,5”, disse, salientando que para já “o problema não existe”.
Pelo seu lado, o Chega mostrou preocupações com a eventual inconstitucionalidade da lei por ter sido aprovada sem os obrigatórios pareceres da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre).
“Nós não estamos, repito, contra a questão da criação das NUTS. O que estamos é contra o processo legislativo da forma como foi levado a cabo, que pode determinar a inconstitucionalidade”, disse o deputado do Chega Bruno Nunes, referindo-se a uma apreensão também manifestada pela ANMP, aquando de uma audição parlamentar.
A nova organização do país em NUTS, aprovada por Bruxelas, exigiu alterações ao regime jurídico das autarquias locais, das áreas metropolitanas e das comunidades intermunicipais para a criação de uma nova NUT II e de uma Comunidade Intermunicipal (CIM) na Península de Setúbal e para que as CIM do Oeste, da Lezíria do Tejo e do Médio Tejo se constituíssem como Nomenclaturas de Unidade Territorial para Fins Estatísticos (NUTS, na sigla em inglês) II, para poderem aceder a fundos programas regionais autónomos.
-
Um morto e quatro feridos no despiste no concelho de Moura
Um homem morreu e outros quatro ficaram feridos, três deles com gravidade, no despiste do … -
Estrada Nacional cortada em Moura devido a despiste com cinco vítimas
A Estrada Nacional 255-1 (EN255-1), na zona de Moura, distrito de Beja, está cortada ao tr… -
Fronteira: Santuário de Nossa Senhora da Vila Velha acolhe Missa de Acção de Graças
O Santuário de Nossa Senhora da Vila Velha, no concelho de Fronteira, vai acolher, no dia …
Carregar mais artigos relacionados
-
VMER do Alentejo parada na noite de Natal por falta de médicos
Seis VMER, viaturas médicas de emergência e reanimação, estiveram paradas a 24 de Dezembro… -
Comando Distrital de Portalegre da PSP alerta para utilização indevida de artigos de pirotecnia da Noite da Passagem de Ano
A poucas horas da transição de 2025 para 2026, preparam-se os festejos. As várias manifest… -
Praticamente lotado! Distrito de Portalegre com hotelaria em alta na Passagem de Ano
De acordo com José Manuel Santos, presidente da ERT, Entidade Regional de Turismo do Alent…
Carregar mais artigos por Redacção
-
Cão abandonado junto à Clínica Veterinária de Santo Onofre em Elvas
Um cão que aparenta ter traços da raça de Pitbull foi encontrado pelo moradores do Bairro … -
Câmara de Vila Viçosa quer investir 6ME na construção de variante rodoviária
A construção de uma variante rodoviária, num investimento de seis milhões de euros, é um d… -
Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre prepara-se para abrir polo em Évora no primeiro trimestre de 2026
Um polo da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre poderá abrir, em 2026, perto de Évo…
Carregar mais artigos em Actual
Veja também
VMER do Alentejo parada na noite de Natal por falta de médicos
Seis VMER, viaturas médicas de emergência e reanimação, estiveram paradas a 24 de Dezembro…