Se sim, infelizmente, este texto não vai ajudar na procura. No entanto vai ajudar a clarificar um par de coisas.

Portugal passou de um país para “Inglês ver“ para um um pais para “Inglês ver e viver”. Aos ingleses, juntaram-se os americanos que descobriram que o “Sonho Americano” é mais bonito e mais barato em Portugal, os Holandeses, que vieram a Portugal descobrir os verdadeiros sabores da fruta e dos legumes, os Franceses, encantados com vinhos baratos e terras por fazer, os nórdicos a procura de Sol para o Inverno. A lista poderia continuar. A maior parte destas pessoas descobriram um país onde podem ter uma qualidade de vida igual ou superior ao país de origem sem necessidade de ter rendimentos muito elevados. Portugal vendeu-se como um país barato e meio mundo agradeceu. O provincianismo Português quis atacar o mercado global com humildade e respeitinho, e arrisca-se a ficar sem cuecas e dinheiro suficiente para comprar outras. Aos turistas, juntaram-se os nómadas digitais, de economias fortes vieram classes médias com poupanças no banco, reformados, investidores pequenos e grandes, e todos eles foram recebidos com…borlas fiscais. Enquanto isso, os Portugueses vão tendo cargas fiscais cada vez maiores e poder de compra cada vez menor. O campo está inclinado e não favorece os Portugueses. A crise expandiu-se e o emprego chega agora à… Habitação.

Portugal não sobrevive 7 dias sem o turismo, tal a dependência do estrangeiro do estado e da brilhante nunca pensada economia Portuguesa. Dizem que a solução é construir mais casas para assim baixar o preço. “Genial e fácil”, pensarão alguns. “Como é que ninguém pensou nisso antes”, dirão outros. Outros defendem que o Estado Portugueses deve comprar, alugar, nacionalizar, subsidiar, ocupar, desocupar, traficar e tudo o que a imaginação pode alcançar. Esquecendo  por um momento o como, o onde e o quanto tempo vai demorar tudo isto, será que a solução é tão óbvia? A liberalização da construção vai levar à… subida dos preços dos terrenos e dos materiais de construção, mitigando uma qualquer descida de preços. Todas estas medidas partem do princípio que todos os problemas podem ser resolvidos com uma lei, um subsídio, benefícios fiscais, ou combinação dos mesmos. Mas o mundo mudou, e métodos do passado são cada vez mais ineficazes num mundo em constante mudança.

O Mundo de Hoje

Há 60 anos, os filhos viviam na mesma aldeia que os pais. Passado algum tempo, os filhos mudaram-se da aldeia para a cidade para procurar melhores empregos, e da cidade para as capitais. Nos dias de hoje, as pessoas mudam de país para viver e trabalhar com a mesma facilidade que há 60 anos se mudava da aldeia para a cidade mais próxima. No passado as pessoas viviam toda uma entre a aldeia e a cidade mais próxima. Nos dias de hoje, por obrigação ou iniciativa, as pessoas vivem em 2,3,4,5 ou mais países  por períodos curtos ou longos. O fluxo de pessoas a entrar e a sair de um país aumentou exponencialmente e esta dinâmica é o fenômeno que explica o aumento dos preços das casas um pouco por todo o lado, principalmente em destinos onde a qualidade de vida é superior. Pois bem, Portugal faz agora parte desta rota. Baixar o preço das casas vai significar que o fluxo de entrada vai subir, porque o  país vai estar mais acessível a outras economias, como por exemplo, as dos leste da Europa. Os Polacos, os Húngaros, os Checos e todos os outros vão ter assim oportunidade de juntarem-se aos Ingleses, Franceses, Nórdicos, Americanos e por ai, e os preços da casa subirão novamente. Por isso, as expectativas são que o preço da habitação NUNCA mais vai voltar ao que era! As pessoas devem ter isto em conta e não esperar 5/10/15 anos, iludidos por promessas vagas, que as coisas vão melhorar.

Em ciência, quando não há solução para um problema, volta-se ao básico mudam-se os pressupostos e as condições iniciais. Portugal precisa de voltar ao básico, e isso implica voltar à primária e olhar para o mapa de Portugal. Quem olhar para o mapa, percebe que há algo que condiciona a comunicação entre o norte e o sul dos País: o rio Tejo. O Tejo, e o estuário do Tejo, isolam Lisboa de parte significativa do país, e é a razão principal que torna difícil escolher a localização de um aeroporto para servir Lisboa… É mais fácil atravessar a fronteira com Espanha do que chegar a Lisboa a partir do Sul e Leste do País. Quem viajar pela Europa, percebe que a grande maioria das cidades europeias, Berlim, Londres, Paris, Varsóvia, Colônia, Viena, Budapeste, entre outras, foram todas construídas junto a rios porque os rios eram as auto-estradas no passado, era por eles que passavam grande maioria das rotas comerciais, ligando cidades umas às outras. O Tejo não liga Lisboa a nenhuma cidade e funciona como fronteira natural que protege a cidade de Lisboa. Esta dificuldade de comunicar com Lisboa contribui decisivamente para a excessiva centralização de recursos na capital. O país não está pensado para o século XXI.

Novo Portugal

Mudar a capital para outra cidade seria caro e demoraria pelo menos uma década, entre burocracia e uma logística para a qual não estamos preparados. Mas poderia ser feito algo mais inteligente. Mover recursos de Lisboa  para a margem leste do Tejo de forma a criar conglomerados populacionais suficientes para atrair atividade económica. O mais fácil de deslocar e com mais probabilidade de sucesso seriam universidades. Juntamente com universidades, viriam competências hospitalares, serviços públicos de 3 linhas que ajudariam a atrair pequenos negócios e  a criar massa crítica em zonas de baixa valor.  De repente os Portugueses teriam uma outra opção para viver e estudar. Criar vários destes pólos populacionais ajudaria a uma melhor distribuição da população pelo território, uma comunicação entre o Norte e o Sul sem passar por Lisboa, à valorização de zonas de baixa densidade e tornaria mais fácil a decisão da localização do novo Aeroporto. Este seria um novo País. As condições iniciais, o mapa de Portugal, seria alterado.

Para tudo isto acontecer falta algo que Portugal não tem. No País com maior número de políticos per capita do mundo (provavelmente), onde uma parte importante das “elites” vive de opiniões, falta o essencial: líderes. Não há líderes em Portugal, pessoas que consigam unir parte substancial da população em torno de uma ideia, uma visão, um propósito. E sem liderança, vai ser cada um por si, num país cada vez mais frágil para os embates que aí vêem. Por isso, não vote em políticos, vote em líderes.

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