Infelizmente, provavelmente, a resposta será não.

O universo foi criado há 13,8 mil milhões de anos e o Planeta Terra há 4.5 mil milhões de anos. O homo sapiens surgiu há cerca de 300.00 anos e  as primeiras civilizações datam de há 10 mil anos atrás. Portugal foi fundado há 800 anos, em 1143. 

O que quer isto dizer? Quer dizer que, na maior parte do tempo deste universo, Portugal NÃO existiu. Quer dizer também que não  existe nenhuma lei no Universo ou um tratado político que garanta que Portugal existirá por mais 800 anos! A sobrevivência de uma nação  depende da capacidade que esta tem de resistir e de se adaptar às diferentes forças internas e externas, que afetam as suas fundações. Na história da humanidade a queda de civilizações é algo tão comum como o nascimento de outras. Nada é eterno e Portugal vive no presente uma ameaça silenciosa, provavelmente que só se vê de fora, para a sua existência: a total irrelevância.

Contexto

Visto de fora,  Portugal é no século XXI um país encalhado no passado, tecnologicamente pouco evoluído, afogado em costumes e formas de outrora, sem uma sociedade dinâmica e onde impera a apatia e passividade de uma população que foi educada a não reagir e a não ter iniciativa.  A dependência em relação às elites e as estruturas de poder foi cultivada durante séculos por diferentes regimes até aos dias de hoje, inclusive. Tudo isto resultou num povo que apenas aspira a ser… povo e pouco mais! No cerne deste processo de castração intelectual, social e emocional, está o Estado Português.

O Estado Português é  muito mais que uma construção racional de estruturas e instituições para servir o país. O Estado Português é uma personagem que se senta à mesa de jantar  com os Portugueses. Para bem e para mal, tudo começa e acaba no Estado, e pouco ou nada existe fora da Igreja-Estado. Os portugueses nunca precisaram de ter bons salários, porque o Estado faz tudo o resto. Esta foi a ideia criada.

No entanto, a realidade vai acabar por mostrar os limites desta concepção de sociedade. O Estado Português está endividado e sem capacidade de intervenção numa sociedade cada vez mais sujeita a forças externas. A própria sociedade continua de mãos atadas, cada vez mais dependente do estadoque por sua vez, está cada vez mais dependente da Europa e dos Fundos Europeus para o dia-a-dia. Raras são as empresas ou obras públicas que são iniciadas sem fundos europeus.  O poder de compra  desce anos após anos e daqui a poucos anos, qualquer cidadão terá mais poder de compra que a generalidade dos portugueses

Geopolitica e Demografia

Enquanto isso, a Europa está em processo de transformação. O centro geopolítico vai deslocar-se para Leste, do Reino Unido/França/Alemanha para França/Alemanha/Polónia. Não só pela guerra, mas é no Leste onde as economias crescem e onde vão estar os grandes centros de desenvolvimentos tecnológicos. Quer isto dizer que o sul da Europa, incluindo Portugal, vai perder prioridade e os fundos para rotundas e tapar buracos vão ser cada vez menos. 

Sem fundos e sem ajudas de estado, a emigração, principalmente a mais qualificada, vai continuar a aumentar. Em sentido contrário estarão reformados de outros países, turistas nômades digitais, expatriados, e todos aqueles a quem o governo andou a oferecer pasteis de nata, vão encontrar em Portugal um país barato onde podem prosperar com o salário / poupanças feitos no estrangeiro. A população não-camoniana, que não tem as mãos atadas, vai COMPETIR diretamente com a população camoniana por todos os recursos básicos, emprego, habitação, terrenos e agricultura.

Portugal orgulhou-se sempre de ser um país barato, e em alguns momentos, ser pobre era orgulho. Mas ser pobre e ser barato, significa acima de tudo ser frágil. Essa fragilidade fica completamente exposta quando os portugueses num curto espaço de tempo são obrigados a competir com outras nacionalidades mais preparadas. Por tudo isto, a tendencia é a diminuição da população camoniana em território português.

A Geopolítica e a Demografia, as quais se vão juntar às alterações climáticas e os desafios da inteligência artificial, vão ser implacáveis com os fracos. E Portugal é um país cada vez mais fragilizado. O Estado não tem capacidade para resolver todos os problemas da população muito menos num país cada vez mais sujeito a forças externas sobre as quais o governo pouco ou nenhum controlo tem. A probabilidade de sucesso de cada medida governativa é por isso cada vez mais incerta.. Portugal deixou de ser um sistema fechado

As crises vão se suceder das finanças, ao emprego, à habitação, até chegar a crise que tudo vai decidir e que vai afetar o centro da coesão social: a comida.  A comida ainda é relativamente barata em Portugal, até ao dia que não for, e esse dia vai surgir. Cada vez mais dependente e cada vez mais irrelevante,  é aqui que Portugal  vai regressar ao passado. Não ao passado da ditadura ou do descobrimentos, mas sim ao passado do Condado Portucalense.

Mesa de Jantar

Libertar a sociedade da dependência  e das amarras em que está, tornou-se não uma questão de direita ou esquerda, não uma questão ideológica, não uma questão politica, mas uma questão de pura sobrevivência. A Sociedade precisa de estar e de se sentir capacitada num mundo  cuja dinâmica das mudanças vão ser implacáveis com os que não estão preparados. 

Talvez, convidar para a mesa de jantar a ciência, tecnologia, artes, cultura e talvez assim consigamos resistir mais 100 anos.

Carregar mais artigos relacionados
Carregar mais artigos por Redacção
Carregar mais artigos em Destaque Principal

Veja também

Porque é que a Antártida é o único continente do nosso planeta que não pertence a ninguém?

Porque é que a Antártida é o único continente do nosso planeta que não pertence a ninguém?…