A qualificação dos recursos humanos, a criação de instâncias de mediação nos programas de financiamento e o alargamento das redes a mais estruturas são algumas recomendações de um estudo sobre o sector da cultura no Alentejo.

Denominado “Cultura no pós Alentejo 2020”, o estudo, elaborado pelo Observatório Português das Actividades Culturais (OPAC), foi apresentado segunda-feira, dia 4 de Julho, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, em Évora.

Segundo o trabalho, a que a agência Lusa teve acesso, deve ser assegurada “formação para os responsáveis e agentes, em todas as dimensões e níveis, da gestão das actividades culturais de modo a suprir as carências dos recursos humanos”.

É proposto no estudo a “efectiva qualificação das programações e das suas articulações às políticas públicas”, criando “condições para a profissionalização no sector e para a própria capacitação cultural dos intervenientes”.

Os autores defendem que a gestão dos programas de financiamento “deve ser profundamente revista” para “assegurar uma comunicação eficaz, facilitar a instrução dos processos de candidatura e garantir a transparência dos procedimentos”.

Estas mudanças, salientam, exigem “forte qualificação específica de recursos humanos e a criação de instâncias institucionais dedicadas a mediar e acompanhar a complexa relação entre as políticas públicas e os agentes culturais”.

“Os programas deverão ser definidos de modo a permitir melhorar fortemente a adequação dos seus objectivos às reais necessidades identificadas pelos agentes e autarquias e não como oportunidades de financiamento”, pode ler-se no documento.

Já as redes culturais, sugere o estudo, devem ser “alargadas a mais estruturas, programações e domínios” e também “desdobradas territorialmente” para “reforçar o seu potencial, que foi generalizadamente reconhecido”.

O trabalho defende ainda que a cultura deve ser reforçada como “factor de desenvolvimento, em todas as dimensões, e assumida transversalmente no seu papel estratégico em todos os sectores de actividade” e não apenas no seu.

Nesse sentido, é realçado que “o reforço da afirmação da cultura deverá passar pela definição de uma estratégia e de um Plano Regional de Cultura, bem como pela acção da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen)”.

No final da sessão, em declarações aos jornalistas, a directora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, congratulou-se com a criação desta “fotografia sobre a dimensão” do sector na região alentejana.

“Este estudo é um documento que informa a decisão, que foi feito com rigor, com métodos científicos e é independente e que nos valida uma série de informações e contributos importantes para a decisão”, assinalou.

De acordo com a responsável, este trabalho “é absolutamente prévio ao Plano Regional de Cultura” e as recomendações feitas pelos autores vão agora ser desenvolvidas para, posteriormente, se avançar com a criação deste documento estratégico.

O estudo foi realizado pelo OPAC, em 2020 e 2021, no âmbito do acordo de parceria estabelecido, a pedido da DRCAlen, com o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

SM // MLS
Lusa

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