Um professor e investigador da Universidade de Évora (UÉ) participa num projecto internacional, com a norte-americana NASA e a Agência Espacial Europeia, para estudar um asteróide e alterar a sua rota.
O projecto representa “um contributo importante para o conhecimento sobre os asteróides, para a engenharia aeroespacial em Portugal e para a aposta da UÉ no aeroespacial”, afirmou Rui Melício, o docente e investigador envolvido na iniciativa.
Rui Melício, que integra a equipa científica do projecto, é docente do Departamento de Engenharia Mecatrónica e investigador do Instituto Ciências da Terra (ICT), da UÉ, e do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), do Instituto Superior Técnico (IST).
Segundo a academia alentejana, através do projecto, denominado “NEO-MAPP/ESA – missão HERA”, uma equipa de investigadores pretende reforçar o conhecimento sobre o asteróide Didymos e a sua lua Didymoon e alterar a sua rota.
Envolvendo a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e a Agência Espacial Norte Americana (NASA, na sigla em inglês), o projecto já lançou um foguetão, a partir de uma base na Califórnia, nos Estados Unidos.
O foguetão agora lançado faz parte da missão de Teste de Redireccionamento de Asteróide Duplo (DART) e tem o objectivo de tentar mudar a trajectória do asteróide binário Didymos, que se encontra a 11 milhões de quilómetros da Terra, indicou a UÉ.
Citando a NASA, a academia alentejana realçou que este foguete é “cerca de 100 vezes menor” do que o asteróide Dymorphos, descoberto em 2003, e foi escolhido para esta missão porque “o seu tamanho é comparável aos asteróides que poderiam representar uma ameaça para a Terra”.
Contudo, vincou, “o sistema de asteróide duplo em si não é uma ameaça para a Terra”.
De acordo com a UÉ, a missão DART pretende “gerar um impacto a 25 mil quilómetros por hora contra o asteróide binário Didymos (o asteróide Didymoon de 170 metros de diâmetro que orbita em torno do Didymos de 780 metros)”.
“Além da cratera, prevê-se a alteração imediata de um milímetro por segundo na velocidade do asteróide, que, com a força da gravidade, acabará por influenciar a trajectória do elemento maior do par”, referiu.
Passados 10 anos, salientou, “essa alteração na rota pode representar um desvio de centenas de quilómetros”.
Prevendo que o resultado desta missão seja apurado em 2026, a UÉ adiantou que “os efeitos do impacto da colisão” vão ser monitorizados através da missão HERA, levada a cabo pela ESA, contando com “um instrumento automático” criado em Portugal.
Denominado LIDAR, esse instrumento foi desenvolvido por investigadores do Centro de Astrofísica e Gravitação (CENTRA) do IST, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do ICT e pelas empresas EFACEC e Synopsis Planet.
O LIDAR (‘Light Detection and Ranging’), que utiliza “tecnologia óptica de detecção remota que mede propriedades da luz reflectida”, vai seguir a bordo de um outro foguetão para “auxiliar na navegação, recolher dados para reconstruir o perfil destes asteróides e apurar que elementos contém o seu interior”.
De acordo com a Universidade de Évora, um meteorito com 100 metros, a 20 mil quilómetros por hora, gera uma cratera de um quilómetro de diâmetro e um rasto de destruição num diâmetro de 10 quilómetros.
Já “um meteorito de um quilómetro arrasa uma área de 100 quilómetros, desencadeia sismos e tsunamis em vários pontos do globo e dispersa poeiras capazes de alterar o clima e destruir parte da vida na Terra”, notou.
Os investigadores, acrescentou, dizem ser possível detectar, até 10 anos atempadamente, uma colisão com meteoritos de grande dimensão, pelo que existe uma margem de quatro a cinco anos para desenvolver missões específicas.

SM // ZO
Lusa

Imagem: NASA

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