Um jardim sensorial cujas árvores vão interagir com crianças invisuais, graças a um projecto tecnológico “ímpar” no País, vai “nascer” em Castelo de Vide, integrado num novo museu a inaugurar em Junho.
O projecto tecnológico, denominado “Pôr as Árvores a Falar” ou “As Oliveiras Dialogantes”, vai surgir no espaço do Jardim Sensorial do Centro de Experiência Viva – Museu de Tiflologia, a inaugurar a 15 de Junho, numa iniciativa da Fundação Nossa Senhora da Esperança (FNSE).
“Está na fase inicial”, mas “é um projecto inovador”, explicou à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da FNSE, João Palmeiro, frisando tratar-se de “um processo altamente tecnológico”.
Trata-se de “um jardim sensorial que é basicamente um olival, com oliveiras que se pretendem dotadas de dispositivos tecnológicos para iniciar e manter um diálogo com uma criança cega. Esse é o objectivo maior”, destacou.
Segundo o responsável, “por via informática” e através da “tecnologia ‘Bluetooth’”, vai ser possível “estabelecer um diálogo” entre a criança e a árvore, graças a “informação recolhida previamente” sobre o visitante, à entrada do espaço.
As árvores “deverão reconhecer os visitantes cegos ou com baixa visão” e, a partir daí, começar, “através de dispositivos de diálogo, uma conversa que se pretende amena e afável”, precisou João Palmeiro.
“A conversa deverá ser mantida em histórico, ficando o registo em arquivo para que, numa próxima visita, possa ser retomada onde foi deixada”, explicou.
A FNSE explicou que o projecto vai arrancar apenas com uma árvore, uma oliveira denominada “Celeste”, seguindo-se, numa outra fase, “mais duas das 37 oliveiras” implantadas nos 1.170 metros quadrados do jardim.
Este Jardim Sensorial do Centro de Experiência Viva – Museu de Tiflologia, equipamento que envolve um investimento a rondar os 500 mil euros, é fruto de uma parceria entre a FNSE e o Centro Português de Tiflologia (CPTei).
O projecto, no âmbito do estudo acerca da instrução intelectual e profissional dos invisuais, “é ímpar no panorama nacional e pretende interpretar a história da intervenção da fundação na área tiflológica, com início no século XIX”, disse a entidade.
Através de exposição permanente e de mostras temporárias, pretende alavancar também “a investigação contemporânea nas áreas da equidade e inclusão de pessoas com deficiência”, referiu o dirigente.
Após serem testadas e validadas as soluções tecnológicas, os promotores esperam alargar esta experiência a outros pontos daquela vila alentejana, nomeadamente em duas árvores situadas no jardim público e, “a médio prazo”, em espaços como a muralha medieval e monumentos históricos.
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Lusa