Em época de provações várias, a resiliência do setor do Retalho nos três distritos que compõem o território alentejano é um dos destaques do mais recente relatório REDUNIQ Insights, solução de conhecimento que analisa a evolução transacional no sistema de retalho português.
De acordo com este documento, durante o mês de janeiro, a faturação média do comércio na região do Alentejo cresceu 7,6% em termos homólogos face ao mesmo período do ano passado, mas, ainda assim, com algumas nuances.
Se Beja e Portalegre registaram, respetivamente, ganhos de 17% e 6%, Évora terminou o mês sem ganhos nem perdas face ao período homólogo.
Dos restantes territórios de Portugal, apenas a região autónoma dos Açores, Santarém e Viana do Castelo não registaram perdas face a janeiro de 2020. No período em análise, mês em que entrou em vigor um novo confinamento obrigatório, a faturação total nacional registou perdas de 15%.

Evolução da Faturação Total 2021/2020/2019 – Por Distritos (Variações Homólogas)
Outro dado interessante que ressalta da análise deste relatório é o diferente impacto que as primeiras três semanas do novo confinamento tiveram na faturação e nos pontos de venda ativos nos diferentes pontos do país.
Partindo de uma base 100 para a semana de 3 a 9 de janeiro, verifica-se que a 3ª semana evidencia uma (muito) ligeira recuperação face à 2ª, de forma quase transversal ao país, no que aparenta ser o configurar de um novo ritmo de vida e consumo em “modo 2º Confinamento Geral”.
No Alentejo não foi diferente.
De forma extraordinária, o tecido comercial de Portalegre manteve-se nos 100 pontos na primeira semana de confinamento (10 a 16 de janeiro) com as perdas a só se fazerem sentir na 3ª e 4ª semanas com quebras de 16 e 13 pontos, respetivamente.
O caso de Beja é similar. Depois de perder 3 pontos na primeira semana de confinamento, o Comércio no distrito de Beja caiu 16 pontos na semana seguinte e terminou o mês com um ligeiro sinal de recuperação ao perder “apenas” 13 pontos face à primeira semana de janeiro.
A pior performance do Alentejo coube a Évora que, depois de verificar perdas da mesma ordem de Beja na primeira semana de confinamento, desabou 24 pontos na semana seguinte (17 a 23 de janeiro) para recuperar 2 pontos na última semana do mês.
Apesar de marcadas por quebras, as primeiras semanas de confinamento obrigatório nos distritos alentejanos não foi tão dura como no restante território nacional. No conjunto do território nacional, depois de perdas médias de 3 pontos na primeira semana de confinamento, a faturação e os pontos de venda ativos caíram nas semanas seguintes 30 e 29 pontos, respetivamente.

O Novo Confinamento: Impacto na Faturação e nos Pontos de Venda Ativos por Distrito (Base 100 de Análise: Semana de 3 a 9 de Janeiro)
Confinamento de março 2020 vs. Confinamento de janeiro de 2021
Apesar das quebras, o insight comparativo entre o confinamento de março de 2020 e o de janeiro deste ano dá, apesar das quebras, indicações positivas.
Todos os distritos, sem exceção, caem menos agora do que caíram há 10 meses. Registe-se que Lisboa, Madeira e Faro que no 1º Confinamento observaram quebras superiores a 50%, estão neste momento, apenas 30% abaixo do ponto de partida (-17% no caso da Madeira).
Colocando o foco sobre o Alentejo, verifica-se que da queda de 26% sentida por Beja em março de 2020, o distrito recuperou significativamente tendo perdido em janeiro deste ano 12%.
A mesma situação observou-se em Évora e Portalegre. Enquanto no distrito eborense a recuperação foi de 13% passando de perdas de 35% para perdas de 22%, no distrito de Portalegre este novo confinamento foi ainda menos doloroso para o comércio local com quebras de 13%, menos 17% do que aquilo que foi sentido no confinamento de março de 2020.
Tal como já tinha acontecido nos itens de análise em que nos debruçamos anteriormente, o setor do Comércio no Alentejo registou uma melhor performance do que a média nacional que passou de -44% em março de 2020 para -29% em janeiro de 2021.
Moda e Perfumarias lideram perdas
Numa análise setor a setor, e apesar da evidência de que o novo confinamento tem registado um impacto estruturalmente menor (medido ao fim de 3 semanas), áreas de atividade como a Moda e as Perfumarias atingem quebras próximas dos 100% (totalmente fechadas em formatos físicos).
Uma palavra ainda para a categoria dos Eletrodomésticos & Tecnologia que não beneficiou de compras para teletrabalho e ensino remoto caindo agora mais de 20% em comparação com os 2% de Março de 2020.
Ainda assim, a generalidade das demais categorias tem agora quedas muito menores em função, refere o relatório, de alterações profundas no modelo de consumo adotado durante este novo confinamento.
Sobre o REDUNIQ Insights
O REDUNIQ Insights é uma solução de conhecimento que pretende disponibilizar análises com base em informação sobre a atividade do retalho nacional, suportando empresas na geração de insights e na tomada de decisões de desenvolvimento dos seus negócios.
As informações recolhidas para a elaboração deste relatório refletem a dinâmica de entrada de novos pontos de venda no sistema REDUNIQ, a necessidade percebida pelos retalhistas de passarem a oferecer meios de pagamento alternativos aos seus clientes, que levou a um aumento da procura de terminais de pagamento com a tecnologia contactless da REDUNIQ, e projetam o efeito de transferência para meios eletrónicos de pagamentos historicamente feitos em dinheiro vivo.
Percebidas como um todo, estas duas variantes ajudaram a desenhar o mapa detalhado da evolução transacional no sistema de Retalho português.