A partir do dia 23 de Setembro deste ano passa a ser proibido o abate de animais nos centros de recolha, canis, melhor dizendo. A medida tem como objetivo impedir que o controlo das populações de animais abandonados (cães e gatos essencialmente) possa ser feito com recurso à occisão (abate). Esta lei vem assim acalmar as exaltadas hostes dos defensores dos direitos dos animais que por esse país (e mundo) fora se levantam e manifestam a sua preocupação sobre o bem-estar dos nossos amigos de quatro patas. Contudo não deixa de ser contestada. A Ordem dos Médicos Veterinários foi crítica na forma como comentou a notícia, afirmando que poderemos estar a criar um problema de saúde pública.
Portugal tem um grave problema no que toca ao abandono de animais. Todos os anos milhares de cães e gatos são abandonados, especialmente no verão (não dá jeito levar o Bobi e o Tareco para a praia). Abandonados e sem quem cuide deles, os ex-companheiros são deixados à sua sorte para procurar abrigo e alimento. Correm o risco de contrair doenças e, quando a Natureza chama, reproduzem-se. Muitos destes ex-amigos do Homem são recolhidos pelos canis, que fazem o trabalho hercúleo de os alimentar, de cuidar da sua saúde, de os esterilizar e quando possível encaminhá-los para a adoção, tudo isto com poucos ou nenhuns recursos. Infelizmente devido à quantidade de animais adotados ser inferior à de animais recolhidos, os canis têm um excesso de indivíduos a cargo. Arriscando-se a, por ter muitos animais no mesmo espaço, gerar uma epidemia. Sem recursos para evitar esta situação, a escolha torna-se obvia: abater os mais velhos e doentes.
Esta nova lei do abate não vem solucionar nenhum problema, vem inviabilizar a única solução existente. Apesar de parecer bárbaro e desumano (apesar de matar animais não seja para mim a melhor definição de desumano) é efetivamente a melhor solução para controlar uma população que não pára de crescer.
Esta medida é importante, porém não devia ser aplicada já. Deveria haver, como referido pela Ordem dos Médicos Veterinários, um combate ao abandono e um incentivo à esterilização dos animais de companhia.
Se conseguíssemos reduzir significativamente o número de animais que vão parar às ruas e evitar que os que ainda assim lá acabassem, não se pudessem reproduzir, não seria preciso tantos abates. Esta lei não é mais do que uma medida eleitoralista para “comprar” votos, ignorando se os problemas são ou não resolvidos. É um faz de conta que se resolve o problema ignorando.

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