”…esta situação da seca é diminuída mas não se resolve com estes dias de chuva”. Foram as palavras do Sr. Ministro do Ambiente João Matos Fernandes no passado dia 2 de Janeiro, a respeito da situação de falta de chuva que afeta o país.
As palavras, na minha opinião, são as que o público espera ouvir. O ministro está a par da situação, sabe que a chuva que caiu não resolve os problemas mas está confiante para o futuro. Infelizmente eu esperava um bocadinho mais de visão de um homem com o currículo de João Matos Fernandes.
Lamento dizê-lo, mas o Sr. Ministro disse exatamente o que qualquer pessoa minimamente informada diria, que é: foi um ano incrivelmente seco, chegou o inverno e continuou sem chover grande coisa. O que eu espero de um Ministro do Ambiente é que diga abertamente e sem medo de provocar um escândalo, é que Portugal, à semelhança de tantos outros países, enfrenta um período de seca que não é consequência única do ano de 2017 mas consequência de um acumular de anos sucessivamente mais secos, algo que, segundo os especialistas, não mostra tendência a melhorar.
Obviamente que não estou a culpar o Sr. Ministro pela falta de chuva no inverno ou pelo aumento das temperaturas do verão. Estou a pedir que, em primeiro lugar, ele diga algo que o mais comum português não consiga deduzir, e em segundo, que utilize essa informação para antever e preparar o país para um futuro que pode ser cada vez menos chuvoso.
É que, se os especialistas estiverem corretos, e as alterações climáticas provocarem a diminuição da precipitação e o aumento das temperaturas, então não estamos a olhar para um ano excecionalmente seco, estamos a olhar para um futuro cada vez mais seco. E em relação a isso há pouco que o ministro possa fazer, contudo ele está na posição certa para implementar medidas que realmente preparem o país para o que aí vem.
Não chega pedir às pessoas que gastem menos água ou que fechem a torneira, isso é trabalho para organizações ambientais e de educação ambiental, não do Ministro do Ambiente!
Têm de se tomar medidas que levem as empresas, autarquias e sociedade civil em geral a gastar menos água e que diminuam a quantidade de perdas. Temos de arranjar formas mais eficientes de captar água, e conduzi-la para onde ela é mais necessária, trata-la para consumo e utilização e fazer uma melhor seleção do uso que damos à água potável, não a desaproveitando em situações em que águas de qualidade inferior podem ser igualmente utilizadas.
Em última análise não podemos fazer com a água o que fizemos com o interior e as florestas. Deixá-las ao abandono para anos mais tarde recolher as nefastas consequências do nosso desinteresse e despreocupação.
.
Biólogo e mestrando em biologia evolutiva e do desenvolvimento na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
-
Incêndio habitacional em Portalegre deixa idosa sem casa e com queimaduras no rosto
Uma mulher de 74 anos ficou hoje desalojada e sofreu ferimentos ligeiros na sequência de u… -
Dois feridos graves no acidente em Moura helitransportados para Lisboa e Oeiras
Um ferido grave no despiste do automóvel ocorrido hoje no concelho de Moura foi helitransp… -
Polémicas balizas V-16 vão passar a ser obrigatórias em Espanha. E quem se desloca de Portugal?
A partir de 1 de Janeiro, os veículos em Espanha passam a ter de utilizar a baliza V-16 co…
Carregar mais artigos relacionados
-
Polémicas balizas V-16 vão passar a ser obrigatórias em Espanha. E quem se desloca de Portugal?
A partir de 1 de Janeiro, os veículos em Espanha passam a ter de utilizar a baliza V-16 co… -
Fronteira: Santuário de Nossa Senhora da Vila Velha acolhe Missa de Acção de Graças
O Santuário de Nossa Senhora da Vila Velha, no concelho de Fronteira, vai acolher, no dia … -
Margarida Curinha é a nova presidente da Assembleia Intermunicipal da CIMAA
A Assembleia Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) realizou…
Carregar mais artigos por Redacção
-
Estamos há muito numa greve grave – a do coração
Os dias têm acordado cinzentos, as ruas estão silenciosas, e as noites chegam introspectiv… -
Are we all good or wicked?
Nas últimas semanas, as salas de cinemas têm-se enchido com todos aqueles que ficaram apri… -
Um Estado de Arte de Elvas
Passado o rescaldo destas eleições autárquicas, resta-nos apenas assumir os resultados e r…
Carregar mais artigos em Opinião
Veja também
Polémicas balizas V-16 vão passar a ser obrigatórias em Espanha. E quem se desloca de Portugal?
A partir de 1 de Janeiro, os veículos em Espanha passam a ter de utilizar a baliza V-16 co…