Estreou recentemente nas salas de cinema do nosso país a produção norte-americana “Geostorm”. Inserido no género “filme de catástrofe”, muito popular nos anos 70 e 80 do último século, este blockbuster que entre nós foi baptizado como “Ameaça Global” tem como premissa argumental a ocorrência de uma série de cataclismos à escala mundial, provocados pelas alterações climáticas.
Inundações, nevões, sismos, tornados e tufões são algumas das catástrofes naturais que assolam o planeta e que a magia dos efeitos especiais recria de forma soberba ao longo das quase duas horas que dura o filme. Catástrofes essas que, conforme já referi, têm origem nas mudanças do clima, associadas à falência generalizada dos satélites de controle meteorológico espalhados pelo mundo.
Não obstante os exageros inerentes a um filme deste tipo, “Geostorm” equaciona um conjunto de questões extremamente actuais e pertinentes sobre as cada vez mais evidentes alterações da meteorologia à escala global. E, por acréscimo, leva o espectador a interrogar-se sobre o que andam (ou não) a fazer os responsáveis mundiais não apenas para combater os efeitos de um sempre imprevisível desastre natural, como também para implementar políticas que não se revelem nocivas para o meio ambiente.
À escala mundial, a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos tem vindo a revelar-se uma péssima notícia para a prossecução das normativas de defesa ambiental aprovadas nas cimeiras de Quioto e Paris. Mas nem só o actual inquilino da Casa Branca é um factor de distúrbio, já que em outras latitudes se assiste a uma escalada de políticas que contrariam os mais elementares valores da preservação da natureza e seu entorno ambiental.
Por cá, no nosso Portugal, atravessamos uma das mais prolongadas sequias das últimas décadas, agravada por um Verão muito quente e anormalmente prolongado. Os trágicos incêndios de 17 de Junho em Pedrógão Grande e do dia 15 deste mês em vários concelhos da zona centro do país, acabam por ser resultado directo e triste consequência da “esquizofrenia climatérica” dos nossos tempos.
Independentemente da conjugação de factores que levou a um rasto de destruição e à perda de mais de uma centena de vidas humanas – nos quais há que incluir os eventuais casos de fogo posto e a ineficácia revelada pelos meios de combate, prefigurada no famigerado SIRESP -, somos levados a concluir que as condições atmosféricas adversas e anómalas para esta época do ano foram fundamentais para consumar a tragédia.
Hoje é já um lugar-comum dizer-se que “o ano já não tem quatro estações” e que “a Primavera e o Outono já eram, hoje só há Verão e Inverno”. Ainda que sendo observações meramente empíricas e, como tal, destituídas de cientificidade, é cada vez mais urgente que os decisores olhem para esta nova realidade com olhos de ver. E que, acima de tudo, actuem de forma proactiva, apostando sobretudo em prevenir para não ter que remediar o que remédio já não tem.
De todas as opiniões que tenho lido e ouvido nos últimos tempos, a propósito da onda de incêndios que assolou Portugal, uma das mais óbvias é a de que não faz nenhum sentido definir uma tal “fase Charlie” (ou sob outro nome qualquer) para a época do ano em que, alegadamente, existe maior probabilidade de ocorrência de fogos. Coloquei de forma propositada a negrito o advérbio “alegadamente” porque, como tristemente se percebeu, não faz qualquer sentido fazer coincidir a temporada de incêndios com a época balnear. Se é que também esta última tem ainda razão de ser.
É mesmo verdade: o tempo anda esquisito. Mas o mais esquisito mesmo é que haja quem não admita essa realidade.
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