Perante os sucessivos problemas técnicos e de segurança detectados em Almaraz, a associação ambientalista Quercus considera “fundamental” o “encerramento imediato”  da central nuclear e defende medidas para um plano de desmantelamento da estrutura e descontaminação do local.

Em comunicado, a Quercus refere uma notícia divulgada pelo jornal El País, segundo a qual inspectores do Conselho de Segurança Nuclear espanhol alertaram para falhas no sistema de arrefecimento da Central Nuclear de Almaraz, situada junto ao Tejo, a cerca de uma centena de km da fronteira portuguesa.

De acordo com o jornal El País, a Central Nuclear de Almaraz sofreu duas avarias nos motores das bombas de água e os técnicos que realizaram a inspecção consideraram que, perante as falhas detectadas, não existem garantias suficientes que o sistema de arrefecimento da Central possa funcionar normalmente. Os resultados desta inspecção deveriam ter levado à suspensão imediata da actividade na Central, mas infelizmente as autoridades espanholas não tomaram ainda uma decisão nesse sentido.

A Central de Almaraz tem tido incidentes com regularidade, existindo situações em que já foram medidos níveis de radioactividade superiores ao permitido. Portugal pode vir a ser afectado, caso ocorra um acidente grave, quer por contaminação das águas, uma vez que a central se situa numa albufeira afluente do rio Tejo, quer por contaminação atmosférica, pela grande proximidade geográfica existente – Quercus

A associação ambientalista diz ainda que “Portugal não revela estar minimamente preparado para lidar com um cenário deste tipo, pelo que a acontecer um acidente grave, isso traria certamente sérios impactes imediatos para toda a zona fronteiriça, em especial para os distritos de Castelo Branco e Portalegre”. E recorda: “Em Almaraz, acidentes como o ocorrido em Maio de 2008, que obrigou à evacuação do pessoal do recinto de contenção e onde foram libertados cerca de 30 000 litros de água radioactiva que após tratamento teve que ser libertada no rio Tejo, e dados como os que foram divulgados hoje, apenas vêm reforçar a importância de se proceder ao encerramento imediato desta Central, que ultrapassou já o seu período normal de vida. Com efeito, esta Central, que está já a funcionar desde o início dos anos 80, acabou por não encerrar na data prevista – Junho de 2010 – devido ao facto do Governo Espanhol ter, contrariamente às anteriores intenções, prolongado o prazo de funcionamento da Central por mais 10 anos, até Junho de 2020”.

Para a Quercus, é importante um debate sobre o assunto na Assembleia da República.

A deputada Heloísa Apolónia, do Grupo Parlamentar Os Verdes, entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo sobre os problemas detectados na Central Nuclear de Almaraz

Os Verdes sustentam que a central nuclear já ultrapassou há muito o seu período de vida útil e que o seu prolongamento constitui uma ameaça nuclear considerável. “Um acidente nuclear na central de Almaraz teria efeitos catastróficos em Portugal, tendo em conta a sua proximidade ao rio Tejo e também o facto de se encontrar a uns escassos 100 km da fronteira portuguesa”, pode ler-se no documento enviado às redacções.

Os Verdes pretendem saber que esclarecimentos e outras diligências tomou o Governo português, junto do Governo espanhol, decorrentes da informação prestada pelo Conselho de Segurança Nuclear, o qual assegura que não estão reunidas condições de segurança no funcionamento da central nuclear de Almaraz. Solicitam ainda resposta à seguinte pergunta: “O Governo português defende o encerramento da central nuclear de Almaraz?”

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