A maioria votou no professor Marcelo. O professor Nóvoa ficou em segundo. Os portugueses gostam de presidentes com currículo académico e na hora da decisão foge-lhes a mão para o quadrado mais televisivo. Ou seja, o desfecho desta noite foi o esperado, com excepção da surpresa da noite que vai para Vitorino Silva, que nasceu para a política como Tino da Rans.

O vencedor, Marcelo Rebelo de Sousa resolveu a questão logo à primeira volta. Livrou-se dos partidos que o apoiaram, PSD e CDS-PP, das grandes máquinas de campanha e apostou numa corrida a solo, iniciada há uma dúzia de anos, com presença assídua nas televisões. Aos 66 anos, o professor catedrático, comentador e político vai adicionar ao currículo a cadeira de Belém.

Com dois filhos e cinco netos, Marcelo iniciou a corrida eleitoral em Celorico de Basto, distrito de Braga, onde está recenseado.

E para quem tinha dúvidas, basta recordar que Marcelo venceu em todos os distritos.

«A Faculdade de Direito deu-me a noção do serviço público (…) É o povo quem mais ordena. Agradeço a todos os que confiaram em mim e saúdo, com o mesmo espírito os que, sem apoiar a minha candidatura, participaram activamente na campanha eleitoral. Não há vencidos nesta eleição (…) serei o presidente de todas as portuguesas e de todos os portugueses» – Marcelo Rebelo de Sousa

O vencido, Sampaio da Nóvoa, perdeu por não obrigar o vencedor a uma segunda volta. Primeiro, foi um desconhecido, mas contou com o apoio de três ex-presidentes – Eanes, Soares, Sampaio – e até de constitucionalistas de prestígio. O que falhou? Meses depois de apresentada a candidatura e mesmo sabendo-se que contava com o apoio de grande parte da esquerda, continuou a ser um desconhecido para uma boa parte do eleitorado e nem uma campanha eficaz foi suficiente para contrariar um arranque longo mas cinzento.

«A partir de hoje, MRS é o meu presidente e o presidente de todos os portugueses (…) O pouco que faltou para passar à segunda volta é da minha inteira responsabilidade» – Sampaio da Nóvoa

A surpresa acabou por ser Tino da Rans. Vitorino Silva, 44 anos, casado e com uma filha, é o sexto de oito irmãos. É calceteiro desde os 15 anos. Aos 22 anos foi eleito presidente da junta de freguesia de Rans mas ficou conhecido a nível nacional por um discurso que fez no XI Congresso do Partido Socialista, em 1999, que pôs os militantes e dirigentes a rir e bater palmas de pé pelo conteúdo da intervenção que fez e pela forma como se dirigiu a António Guterres. Melhor ainda… participou em ‘reality-shows' da TVI.

Ficou atrás de Maria de Belém (uma desilusão), de Marisa Matias (o BE continua a ter nas mulheres armas eleitorais importantes)e de Edgar Silva (o PCP ficou aquém das expectativas), mas deixou na rectaguarda os restantes ‘outsiders’ desta corrida.

 

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