A comunicação desta noite do Presidente da República foi recebida com simpatia à direita e mereceu um coro de protestos da esquerda parlamentar. Ao escolher Passos Coelho para formar governo, Cavaco Silva, como realçou, ‘passou a bola’ ao Parlamento, onde a esquerda está em maioria e promete rejeitar um executivo PSD/PP.
Marco António Costa mostrou a satisfação do PSD pela decisão de Cavaco Silva pelo “respeito” pelo resultado eleitoral das eleições de 4 de Outubro, admitindo que o PR abriu caminho para uma nova fase. ”É o tempo da responsabilidade do Parlamento”, disse.
No CDS-PP, a reacção foi idêntica. “Foi dos discursos mais corajosos”, segundo Nuno Melo, que considerou a comunicação do PR normal, sustentando: “optar por quem perdeu as eleições é que seria estranho”.
“Discurso de facção. Consegue surpreender sendo ainda mais faccioso que os piores comentários de direita que temos ouvido” – Catarina Martins
No BE, Catarina Martins acusou Cavaco Silva de fazer de tudo para “manter o seu partido no poder” e assegurou que os “bloquistas” apresentarão uma moção de rejeição.
Por parte do PCP, o deputado comunista João Oliveira responsabilizou o PR pela instabilidade que se prevê. Também os comunistas prometem apresentar uma moção de rejeição no Parlamento.
“Vou, entre as duas únicas opções possíveis, ser muleta da direita ou liderar uma maioria de esquerda, optar pela segunda, respeitando a opinião dos poucos que, no PS, pensam o contrário” – Capoulas Santos
No PS, que esta noite reúne a comissão política, a primeira reacção coube ao deputado João Soares, para quem o país fica a perder tempo. Para o socialista, o governo de Passos Coelho vai ser derrubado no parlamento.
Esta noite, em Lisboa, o secretário-geral do PS, António Costa, dará conta à comissão política do partido do andamento das negociações com BE e PCP. Recorde-se que alguns dirigentes do PS, entre os quais o eurodeputado Francisco Assis, se manifestaram contra um acordo à esquerda.